O secretário de Estado americano, John Kerry, e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, culparam nesta sexta-feira (1º) o grupo radical palestino Hamas por violar o cessar-fogo de 72 horas com Israel e retomar os combates na faixa de Gaza.
Segundo o Estado judaico, soldados foram atacados por palestinos enquanto destruíam um túnel clandestino feita pelo Hamas em Rafah, no sul de Gaza. Israel diz que dois militares morreram e que o soldado Hadar Doldin, 23, foi sequestrado.
Para os israelenses, a ação aconteceu por volta das 9h30 locais (3h30 em Brasília), uma hora e meia após o início da trégua. Em resposta, o Exército fez um ataque à cidade de Rafah que deixou 70 mortos, segundo autoridades palestinas.
Em comunicado, o Hamas nega que a captura do soldado tenha ocorrido durante o cessar-fogo e acusou Israel de ter violado o acordo. "A Resistência palestina agiu em nome de seu direito a se defender para colocar fim ao massacre de nosso povo", disse o porta-voz do grupo, Fawzi Barhum.
No acordo assinado entre os dois grupos, o Hamas havia autorizado que Israel pudesse destruir os túneis ilegais, que são uma forma de quebrar o bloqueio imposto a Gaza e acesso para que milicianos façam ataques em Israel.
Em comunicado, Kerry considerou a ação do Hamas uma afronta à trégua decretada e pediu a liberação imediata do soldado israelense. "Será uma tragédia se esse ataque ultrajante leve a mais sofrimento e perdas de vidas de ambos os lados".
O secretário americano ainda pediu ajuda de Egito, Turquia e Qatar para tentar convencer o Hamas a entregar o militar.Já Ban Ki-moon pediu aos dois lados a máxima contenção e a volta ao cessar-fogo. "O secretário-geral está chocado e profundamente decepcionado pelos últimos acontecimentos", disse o porta-voz do chefe da ONU, Stéphane Dujarric.
A trégua havia sido anunciada na noite de quinta (31), após reunião entre as duas partes, mediada por John Kerry e Ban Ki-moon. Durante a trégua, era esperado que palestinos e israelenses se reunissem para acertar o fim dos combates.
Desde o início da operação Margem Protetora, em 8 de julho, 63 israelenses morreram, sendo 60 militares. Do lado palestino, o número de mortes chegou a 1.459, tornando a ofensiva a mais sangrenta desde que o Hamas passou a controlar o território, em 2007.