Os Estados Unidos minimizaram nesta sexta-feira (14) a força dos protestos no mundo muçulmano e asseguraram que têm a seu lado todos os governos da região, após receber os restos mortais dos quatro americanos mortos no ataque de terça-feira ao consulado do país em Benghazi (Líbia).
O presidente dos EUA, Barack Obama, e a secretária de Estado, Hillary Clinton, conduziram uma cerimônia solene na base aérea de Andrews (Maryland), onde chegaram de avião os corpos do embaixador americano na Líbia, Chris Stevens, e dos outros três americanos assassinados em Benghazi.
"A justiça chegará para aqueles que causarem danos a americanos", disse Obama, que ressaltou que seu governo "se manterá firme perante a violência" nas missões diplomáticas, mas lembrou ao mesmo tempo a "obrigação" de outros países de proteger os funcionários das embaixadas.
Enquanto o líder falava, mais de uma dezena de países no mundo muçulmano vivia os últimos momentos da que foi chamada "sexta-feira de ira" em resposta a um vídeo que satirizava Maomé considerado blasfemo, com protestos perante embaixadas e consulados americanos que deixaram dezenas de feridos e pelo menos seis mortos, três no Sudão e três em Túnis.
No entanto, o Departamento de Estado afirmou hoje que todos os funcionários americanos estão "a salvo e localizados" tanto em Túnis como em Sana (Iêmen) e Cartum (Sudão) e que, por volta das 18h (de Brasília), os protestos, em sua maioria, haviam perdido a força.
"Sabíamos que as sextas-feiras são tradicionalmente dia de protestos em grande parte do mundo islâmico e, em parte por isso, trabalhamos tanto para fortalecer a segurança e deixar muito claro que não temos nada a ver com o vídeo", disse a porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland, em entrevista coletiva.
Victoria minimizou o impacto dos protestos, ao dizer que foram protagonizados por uma "pequena minoria das cidades da região", cujos governos estão "respondendo extraordinariamente bem e enviando as mesmas mensagens" que Hillary Clinton emitiu.
A porta-voz atribuiu o caos ao fato de que, "em alguns casos, a virulência dos protestos surpreendeu as forças de segurança locais" e destacou o bom estado das relações com a região, especialmente com o Egito, cujo presidente Mohammed Mursi incomodou Washington com seu atraso em condenar o ataque na Líbia.
"Em alguns casos, tivemos que trabalhar muito com eles para chegar à resposta adequada e na intensidade apropriada", disse. "Mas agora, em todos os casos, os governos estão levando isto de forma extremamente séria e estão trabalhando extremamente bem conosco. Esse é o caso de Tunísia, Líbia e Egito", acrescentou.
Da base aérea de Andrews, Hillary insistiu hoje para que os governos do mundo muçulmano controlassem as revoltas, ao afirmar que os países da Primavera Árabe "não trocaram a tirania de um ditador pela tirania de uma multidão violenta".
"As pessoas responsáveis e os líderes responsáveis nestes países têm que fazer tudo que puderem para restaurar a segurança e trazer à justiça aqueles que estão por trás desses atos violentos", considerou a secretária de Estado.
Hillary falou hoje por telefone com o presidente tunisiano, Moncef Marzouki, para "se assegurar" de que estão "fazendo todo o possível para manter a situação sob controle", explicou Victoria.
Por sua vez, o vice-presidente dos EUA, Joe Biden, ligou para o vice-presidente do Sudão, Ali Osman Taha, para lembrá-lo sobre a responsabilidade do governo sudanês de resguardar a segurança das instalações diplomáticas no país, segundo a Casa Branca.
Biden esteve com Obama e Hillary na cerimônia militar pelos quatro mortos na Líbia, também presenciada pela embaixadora perante a ONU, Susan Rice, e pelo ex-secretário de Estado Colin Powell, entre outras personalidades.
Além do embaixador Chris Stevens, o ataque em Benghazi matou o funcionário Sean Smith e os ex-militares Tyrone Woods e Glen Doherty, definidos por Obama como "quatro patriotas" que demonstraram que "não preocupam" os Estados Unidos somente seus "interesses", mas também os do restante do mundo
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