O presidente da Bolívia, Evo Morales, ordenou nesta sexta-feira (12) que as Forças Armadas do país evitem usar armas de fogo contra os manifestantes oposicionistas que vêm protagonizando uma escalada de violência nos últimos dias.
"Eu digo às polícia e às Forças Armadas que é proibido usar armas de fogo contra o povo", disse Evo em um discurso pela TV gravado em Cochabamba.
O chefe das Forças Armadas, general Luís Trigo, retrucou dizendo que seus homens vão fazer "tudo o que for necessário" para proteger o estado. "Vamos garantir a propriedade da nação, o funcionamento do Estado e os serviços públicos, assim como a preservação dos recursos estratégicos", disse.
Os distúrbios violentos tiveram como principais cenários os departamentos (estados) de Santa Cruz, Beni, Pando e Tarija, governadas por opositores autonomistas.
Nelas impera a desordem provocada por mais de 30 cortes de estradas, ocupações de entidades e de empresas do Estado e ataques a várias instalações petrolíferas.
O pior momento do conflito aconteceu na quinta-feira (11), quando camponeses leais a Morales e grupos da Prefeitura de Pando se enfrentaram a tiros em um choque que deixou oito mortos e, segundo diversas fontes, entre 30 e 40 feridos.
O impacto das manifestações começou a ser sentido no oeste do país, onde está a sede do governo, La Paz, por uma relativa escassez de combustíveis produzida porque muitas usinas petrolíferas estão ocupadas no leste.
Os militares começaram na noite de quinta a mobilizar mais tropas em direção aos campos petrolíferos com o propósito de evitar que as ocupações continuem como as que afetaram parcialmente o envio de gás para Brasil e Argentina.
DiálogoMorales convocou para uma reunião o governador de Tarija, Mario Cossío, como porta-voz dos líderes de Santa Cruz, Rubén Costas; de Beni, Ernesto Suárez e de Pando, Leopoldo Fernández, todos unidos quanto à reivindicação de um regime autônomo para suas regiões.
Estes governadores departamentais promoveram um plano de protestos para exigir que o Executivo devolva às regiões a renda do setor petroleiro cortada em janeiro passado, mas também rejeitam de forma veemente o projeto para a nova Constituição impulsionado por Morales.
Morales replicou que o "diálogo está aberto", mas para analisar "razões, não imposições", enquanto seu ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, concretizou o convite a Cossío para se reunir em La Paz na noite desta sexta-feira.
Ao longo do ano, ocorreram já até três tentativas de diálogo entre o governo e os opositores, que terminaram em fracasso porque nenhuma das parts cedeu.
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