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Comunicação

Ex-premiê foi espionado por jornais de Murdoch

Painel de rua mostra tarja na boca do magnata Murdoch com o nome do ministro da Cultura britânico, Jeremy Hunt | Paul Hackett/Reuters
Painel de rua mostra tarja na boca do magnata Murdoch com o nome do ministro da Cultura britânico, Jeremy Hunt (Foto: Paul Hackett/Reuters)

Londres - O ex-premiê britânico Gordon Brown foi alvo de espionagem por jornais do grupo News Corpora­­tion, de Rupert Murdoch, segundo di­­vul­­garam ontem o diário Guardian e a rede de tevê BBC (es­­tatal). Jor­­nalistas do Sunday Times e do The Sun tentaram acessar sua caixa postal, sua conta bancária e o his­­tórico de saúde de sua fa­­mília.

Brown teria sido espionado du­­rante dez anos, e ele afirmou estar "chocado com os métodos criminosos e antiéticos por meio dos quais foram obtidos detalhes pessoais" sobre sua família. No miniblog Twitter, a esposa de Brown, Sarah, escreveu que as informações em questão são extremamente pessoais e será "realmente doloroso se tudo isso (grampos) for verdade".

A notícia amplifica a crise que levou ao fechamento do News of the World, ontem, após a revelação de que o tabloide do grupo "líder em vendas aos domingos" adotava escutas em reportagens.

O escândalo deixa seriamente ameaçado o plano de Murdoch de comprar 61% das ações da BSkyB, a maior provedora de tevê paga do Reino Unido. Ele já possui 39% da empresa.

O vice-premiê, Nick Clegg, pe­­diu que Murdoch faça "a coisa de­­cente e sensata": desistir da compra da BSkyB.

Clegg fez a declaração após se reunir com a família de Milly Dow­­ler, vítima de sequestro e assassinato que teve sua caixa postal in­­vadida por profissionais do NoW. A revelação de que mensagens de Dowler, 13 anos, foram apagadas, dando a impressão de que ela estava viva, desatou o escândalo.

A família de Dowler defende que "o mais honrado" a ser feito por Rebekah Brooks, editora chefe do jornal na época das escutas e hoje no comando da News Inter­­national, é pedir demissão.

Brooks é amiga do atual premiê, David Cameron, e interlocutora do grupo de Murdoch com o governo na operação de compra da BSkyB.

Monopólio

Autoridades britânicas pediram ontem que a transação seja analisada por um comitê que avalie se o negócio levará ao monopólio. Esse processo costuma demorar pelo menos seis meses.

Jeremy Hunt, secretário de Cul­­tura, pediu à agência reguladora que também decida se a família Murdoch é "adequada" a ter licença para transmissão de televisão.

Essa movimentação foi possível porque Murdoch voltou atrás, ontem de manhã, na promessa de separar a empresa Sky News de seu conglomerado, "uma condição estipulada para efetuar a compra da BSkyB.

O oposicionista Partido Traba­­lhista prometeu retardar uma vo­­tação parlamentar em torno do acordo, até a conclusão das investigações em torno do tabloide.

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