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Tanques e veículos blindados sírios ocuparam a cidade de Hama neste sábado (6), disse um morador, depois de uma investida militar de uma semana de duração, a qual provocou a morte de 300 civis, segundo uma entidade local de defesa dos direitos humanos. A cidade é lugar simbólico de protestos contra o presidente Bashar al-Assad.

Ativistas disseram que subiu para 26 o número de mortos em manifestações realizadas por toda a Síria por dezenas de milhares de pessoas que saíram às ruas na primeira sexta-feira do mês sagrado muçulmano do Ramadã.

A ação adotada por Assad para retomar o controle de Hama, na qual durante dois meses se realizaram imensas manifestações pedindo sua saída do poder, resultou em condenação da Organização das Nações Unidas e duras críticas até mesmo da Rússia e Turquia, estreitos aliados da Síria.

"Os ataques de ontem (sexta-feira (5)) e pesado fogo de metralhadoras diminuíram. Tanques e veículos blindados estão por toda a parte na cidade", disse um morador de Hama que se identificou apenas como Jamal, proprietário de um negócio.

Usando um telefone por satélite, ele afirmou que a água e as comunicações convencionais continuam cortadas e só houve fornecimento de eletricidade por algumas horas, à noite.

As ruas estão vazias nessa cidade de 700 mil habitantes, tradicionalmente um bastião da oposição muçulmana sunita ao domínio da seita minoritária dos alauítas, à qual Assad pertence.

O pai de Assad, Hafez al-Assad, esmagou um levante armado islâmico em Hama cerca de 30 anos atrás, matando milhares de pessoas e devastando partes do bairro velho da cidade.

Hama persiste como símbolo de desafio à família Assad por causa do levante de 1982 e também por ter sido cenário de algumas das maiores manifestações contra o governo de Bashar al-Assad, até ele mandar para lá os tanques para reprimir os protestos. Mais de 100 mil pessoas se concentravam nas sextas-feiras para pedir sua destituição.

Em seu primeiro comentário público sobre a violência na Síria, nações do Golfo Arábico expressaram neste sábado "grande preocupação e pesar" pela "crescente violência e excessivo uso da força" na Síria, mas não criticaram Assad diretamente.

Tentando conter a própria oposição interna, e receosos de turbulências em sua fronteira norte, os ricos Estados exportadores de petróleo do Golfo vinham mantendo silêncio até agora em relação à repressão desencadeada por Assad.

Um comunicado das seis nações do Conselho de Cooperação do Golfo pediu "o imediato fim de ações violentas e qualquer atividade armada, o fim do derramamento de sangue, a retomada da sabedoria e a realização das necessárias e sérias reformas."

O governo sírio atribuiu a violência a grupos armados e extremistas religiosos, que os acusa de ter matado 500 policiais e soldados. Grupos de defesa dos direitos humanos na Síria dizem que as forças de segurança mataram pelo menos 1.600 civis desde o início dos protestos em março.

O país expulsou a maioria da mídia independente desde que começaram as manifestações, por isso é difícil checar as declarações de ambos os lados.

Neste sábado, as forças sírias prenderam o líder oposicionista Walid al-Bunni, veterano opositor do governista Partido Baath que havia pedido uma conferência nacional para definir uma transição pacífica de poder, após cinco meses de protestos de rua, disse um grupo ativista.

Bunni estava escondido e foi capturado pela polícia secreta com seus dois filhos adolescentes, em sua cidade natal, Tel, ao norte de Damasco, segundo informou a entidade síria de direitos humanos Sawasiah, em comunicado enviado à Reuters.

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