A distribuição de alimentos para a população afetada pelo terremoto em Concepción, uma das cidades chilenas mais afetadas, tem sido lenta, o que, segundo alguns moradores, explica a onda de saques a supermercados de vítimas desesperadas.
"Provavelmente as pessoas sempre sentirão que as coisas poderiam ter sido feitas de um modo melhor", disse ontem a presidente do país, Michelle Bachelet. "Mas a verdade é que, dada a extensão (do tremor), tudo o que se fizer será insuficiente."
Além da falta de alimentos, água, abrigo e energia elétrica um outro problema tem preocupado os sobreviventes: a falta de comunicação com seus parentes em outras regiões do Chile e no exterior. A rede de transmissão de voz da telefonia móvel foi cortada e as pessoas passaram a usar apenas o serviço de envio de textos pelo celular em parte do sul do país. Mas a falta de energia elétrica também obriga os sobreviventes a racionarem a bateria de seus celulares, reduzindo a comunicação ao mínimo necessário.
Os principais meios de comunicação do Chile colocaram suas páginas na internet e seus sinais de rádio e TV à disposição de parentes que buscam por sobreviventes na zona afetada pelo terremoto. A TVN - emissora estatal, líder de audiência no país - retransmite na tela os textos recebidos no Twitter de dois de seus repórteres que estão na zona do desastre. Os apresentadores também divulgaram seus e-mails para intermediar o contato dos que não têm acesso à web
Mais de 14 mil militares tomaram ontem o controle das cidades mais afetadas pelo abalo sísmico de 8,8 graus que abalou o sul do Chile na madrugada de sábado para conter a onda de saques. Mas a prefeita de Concepción, Jacqueline van Ryselbergher, afirmou que a situação se acalmou graças à organização dos moradores, que montaram barricadas e se armaram para conter os saques. Ontem, o governo elevou a 796 o número de mortos na tragédia.
As autoridades ampliaram em mais duas horas o toque de recolher, que ontem passou a vigorar a partir das 18 horas até o meio-dia de hoje. A presidente Michelle Bachelet advertiu que se aplicará "o máximo rigor da lei" aos que cometerem delitos. O Exército tem ordens de atirar para matar em quem não respeitar o toque de recolher. Durante a noite de segunda-feira, pelo menos 60 pessoas foram detidas em tentativas de saques.