O advogado Sérgio Tostes, que representa a família brasileira do menino Sean Goldman, de 9 anos, que seguiu para o Estados Unidos com o pai biológico, David Goldman, disse em entrevista nesta sexta-feira (25) que pretende procurar o governo brasileiro para garantir a visitação dos familiares ao menino no exterior.
"Queremos que nos sejam dados os mesmos direitos que foram dados ao senhor David Goldman aqui. Por isso, vamos procurar o governo brasileiro. Se não formos atendidos, o que seria impensável, vamos contratar um advogado em Nova Iorque", afirmou Tostes, que alegou que houve várias irregularidades no processo de transição em que o menino foi entregue ao pai.
A entrevista foi concedida no escritório do advogado, onde estavam também os avós, Silvana Bianchi e Raimundo Ribeiro, além do tio Luca Bianchi. Em clima de muita emoção, interrompendo a fala várias vezes com soluços, Silvana disse que sua maior preocupação é garantir o direito de visitar o neto. "A hora que for liberado, pego o avião e vou em busca dele".
O padrasto não acompanhou a família na entrevista. "Ele está arrasado. Não tivemos Natal. Passamos a noite olhando um para acara do outro. Nem a televisão quis ligar", contou Silvana. Segundo ela, logo que encontrou o pai, Sean pediu que ele entrasse num curso para falar português. David concordou. Sean, aos 4 anos já falava inglês, mas perdeu o contato com o idioma e pretende continuar se expressando em português.
Na quinta-feira (24), um dos advogados de David, Ricardo Zamariola, disse que pai e filho vão passar o Natal nos parques da Disney, em Orlando. Sean foi entregue ao pai biológico na quarta-feira (23), cumprindo ordem judicial.
David diz que vai permitir visitas
Em entrevista concedida à rede de TV norte-americana NBC, que fretou o avião para levar pai e filho para os Estados Unidos, David Goldman disse que, "com o tempo", vai permitir que a avó de Sean o visite nos Estados Unidos: "Vai levar algum tempo, mas não vou negar a ela e a ele se encontrarem", disse Goldman.
Segundo o repórter da NBC que acompanhou David e Sean na viagem, os dois brincaram muito durante as nove horas de voo do Rio de Janeiro a Orlando, na Flórida. Sean estava calmo e dormiu por um bom tempo, disse o repórter, criticando a caótica chegada do garoto com a família brasileira ao consulado, onde pai e filho se reencontraram.
A reportagem ouviu o psicólogo infantil Harold Koplewicz, que disse que o primeiro mês de Sean nos Estados Unidos vai ser de uma difícil adaptação, mas que crianças têm uma grande capacidade de se adaptar. David disse ainda à NBC que manteve o quarto de Sean na casa dele em Nova Jersey exatamente como ele era há cinco anos, quando o menino foi trazido para o Brasil.
Chegada aos EUA
O menino Sean e seu pai chegaram a Orlando na noite de quinta-feira (24). A rede de TV NBC, que pagou o transporte dos dois em jato particular, exibiu nesta noite participação ao vivo do repórter que os acompanhou durante o voo.
Sean embarcou com o pai biológico para os Estados Unidos por volta de 11h45 desta quinta-feira, no Aeroporto Tom Jobim. Eles viajaram em voo fretado. A avó brasileira, Silvana Bianchi, pediu para ir junto na aeronave, mas, segundo o advogado da família Bianchi, Sérgio Tostes, a solicitação foi negada pelo governo americano.
Avó desabafa
"Meu coração está vazio e partido porque está faltando o nosso amor", disse Silvana Bianchi, a avó materna do menino Sean, após o embarque do neto com o pai biológico. O pai, por sua vez, divulgou carta em que destacou o "renascimento da família em uma época tão especial do ano".
Segundo ela, o menino ficou apavorado com o assédio da imprensa ao chegar esta manhã ao Consulado Americano, no Centro do Rio. A avó disse que temeu que Sean fosse pisoteado.
O governo americano, por outro lado, criticou a superexposição do garoto pela família brasileira na chegada ao consulado no Rio. "A avó, o advogado, a família, o padrasto e outros parentes de Sean tiveram total acesso ao consulado pela garagem, mas recusaram. O doutor [Sérgio] Tostes [advogado da família], quando falamos que não precisava aquilo, disse que eles eram livres para fazer o que quisessem", afirmou Orna Blum, porta-voz da Embaixada dos EUA.