Os parentes dos passageiros e da tripulação do avião da Malaysian Airlines acidentado na Ucrânia começaram a chegar nesta sexta-feira (18) ao aeroporto internacional de Kuala Lumpur para obter informações.
Duas mulheres se abraçavam com um homem a caminho do local de recepção para os familiares no aeroporto, situado em Sepang, a cerca de 45 quilômetros ao sul da capital, segundo a imprensa local.
O avião foi abatido por um míssil com 298 pessoas a bordo na região ucraniana de Donetsk, controlada pelos separatistas pró-russos.
O primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak, lamentou o ocorrido e encarregou uma investigação para esclarecer o acidente do avião.
Em entrevista coletiva realizada nesta madrugada, Najib disse que a Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) tinha declarado segura a rota que passa pelo território ucraniano e também não havia restrições por parte da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA, sigla em inglês).
"Este é mais um dia trágico em um ano trágico para a Malásia. Os passageiros do avião eram de muitas nações, mas estamos todos unidos na dor", acrescentou.
No Boeing-777 do voo MH17 viajavam 154 holandeses, 43 malasianos (incluídos os 15 membros da tripulação), 27 australianos, 12 indonésios, nove britânicos, quatro alemães, quatro belgas, três filipinos, um canadense e outros 41 que não tiveram sua nacionalidade confirmada.
O avião, que fazia a rota Amsterdã-Kuala Lumpur, caiu na região leste de Donetsk, cenário de combates entre as forças governamentais da Ucrânia e os rebeldes pró-russos, que logo após o incidente trocaram acusações pela queda da aeronave.
A Malásia ainda não se recuperou do desaparecimento de outro voo da Malaysia Airlines, o MH370, que sumiu dos radares em março com 239 pessoas a bordo.
Sorte
Vários passageiros, que não embarcaram no voo MH17 porque chegaram tarde ao aeroporto, por economia ou porque só viajam em família, observavam atônitos as notícias sobre a morte dos 298 passageiros.Uma família britânica escapou da tragédia ao não conseguir embarcar no avião.
Barry e Izzy Siim, além do bebê do casal, tentaram embarcar no voo MH17. No entanto, por causa da falta de assentos, a família foi obrigada a reservar outro voo e, desta vez, pela companhia aérea KLM.
"Você tem esta sensação de mal-estar na boca do estômago. Começa a sentir borboletas e tem palpitações", relatou Barry Siim ao tentar explicar sua sensação ainda no terminal do aeroporto de Schiphol, em Amsterdã.
Maarten de Jonge, de 29 anos, um ciclista profissional, também escapou da catástrofe. "No último momento escolhi um voo no domingo porque era 300 euros mais barato. Restava apenas um lugar e reservei de imediato", disse.
Outra família, que deveria retornar para a Austrália com escala em Kuala Lumpur, chegou tarde ao aeroporto e não conseguiu comprar as passagens para o voo MH17."É um pouco surreal. Ainda não acredito", disse uma integrante da família ao canal AT5.
Passageiros
Dezenas de delegados, pesquisadores e ativistas que iam participar de uma conferência internacional sobre aids na Austrália viajavam no avião de Malaysia Airlines, informaram nesta sexta-feira meios de imprensa locais.
As autoridades australianas ainda não deram o número exato de pessoas que viajavam para participar a este fórum que será inaugurado no domingo em Melbourne, embora se estime que o número ronde a centena.
Entre as vítimas podem estar o ex-presidente da Sociedade Internacional da Aids Joep Lange e sua esposa, segundo a imprensa.
"Não se confirmou ainda mas temos informação que muitos de nossos colegas e amigos estavam a bordo do avião", disse Françoise Barre-Sinousi, prêmio nobel em 2008 por seu papel no descobrimento do HIV e co-presidente da conferência.