Se a crise política em Honduras foi de fato iniciada pelo flerte do presidente deposto Manuel Zelaya com uma Assembleia Constituinte, as eleições de novembro podem não ser a solução definitiva para o problema, como quer a maioria dos hondurenhos, os EUA e parte da comunidade internacional.
O franco favorito na corrida presidencial, Porfírio "Pepe" Lobo, do Partido Nacional (PN), era um entusiasta da iniciativa de convocar uma consulta popular sobre o tema - a chamada "quarta urna". Desde o golpe de junho, porém, o líder com 59% das intenções de voto mantém-se em silêncio sobre uma eventual batalha constitucional.
Na última semana, o Estado perguntou a Pepe se ele insistirá numa consulta popular, caso seja eleito. Visivelmente incomodado ele tentou se esquivar. "Veja, esse é um tema que desperta muito conflito. Zelaya e (o presidente de facto Roberto) Micheletti estão agora tentando uma solução para acabar com o drama hondurenho. Não é hora de falar em consultas", afirmou.
Sob insistência, Pepe admitiu que poderá convocar um "grande diálogo com todos os setores da sociedade hondurenha" para decidir se a Constituição de 1982 deve ser alterada. Em maio, quando Zelaya tentava emplacar a consulta popular, Pepe era mais enfático. "Não é o momento de deixar as coisas como estão. Proponho que convoquemos uma Assembleia Constitucional, ou Constituinte, como alguns chamam, sem violar as leis atuais", dissera. "Temos uma nova esperança, vamos todos pela mudança já. Consulta sim, continuísmo não", disse ele na ocasião. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.