O FBI acredita na possibilidade de os irmãos suspeitos Tsarnáev não terem agido sozinhos no planejamento do atentado de Boston e está buscando dentro e fora dos Estados Unidos suspeitos de tê-los treinado, afirmaram neste domingo (28)congressistas americanos.
Os legisladores republicanos Michael McCaul - que preside o Comitê de Segurança Nacional da Câmara dos Deputados - e Mike Rogers - que dirige o Comitê de Inteligência - disseram que os investigadores dos ataques não descartam que haja cúmplices, apesar de até o momento não terem sido divulgadas provas dessa suspeita.
"Acho que dado o nível de sofisticação (das bombas caseiras usadas nos ataques), o fato de a panela de pressão ser uma bomba que foi usada no Paquistão e no Afeganistão, e a forma como foi usada me faz acreditar que houve um 'treinador' ou 'treinadores', e a pergunta é onde eles estão", disse McCaul à rede "Fox News".
"Estão na região da Chechênia, ou nos EUA? Em minhas conversas com o FBI, essa é a grande questão. Iniciaram uma grande busca tanto no exterior como nos EUA para encontrar essa pessoa. E acho que os especialistas estão de acordo que existe alguém que ajudou a treinar esses dois indivíduos", acrescentou.
Por sua vez, Rogers declarou à rede ABC que ainda "há pessoas de interesse com as quais o FBI gostaria de conversar".
As autoridades estão tentando obter detalhes sobre a viagem que o irmão mais velho, Tamerlan, fez em 2012 à república do Daguestão, e a possibilidade de ter sido treinado ali por extremistas islâmicos, disse Rogers.
Outro membro do comitê de Inteligência, o democrata Adam Schiff, disse à emissora "CNN" que "pode ter havido influências que radicalizaram" os irmãos, apesar de por enquanto as provas só mostrarem que visitavam páginas web afines ao extremismo.
Em uma entrevista à "CBS", a senadora democrata Claire McCaskill opinou, por outro lado, que "por enquanto, nos baseando nas provas, parece que simplesmente foram eles dois".
Segundo as autoridades, entre os sites que Tamerlan acessava estava o da revista "Inspire", uma publicação digital em inglês produzida pela filial da Al Qaeda no Iêmen que divulgou manuais para fabricar bombas.
Vários legisladores criticaram neste domingo, ainda, a atuação do FBI e da CIA na prevenção de ataques, já que ambas as agências começaram a vigiar Tamerlan em 2011 após receber um alerta das autoridades russas que poderia ser perigoso, mas mais tarde deixaram de seguir sua pista.
"Como você pode ignorar o fato de que um serviço estrangeiro de inteligência lhe informou que você tem um radical em seu território?", questionou o senador republicano Lindsey Graham na emissora "CBS".
Mike Rogers considerou por outro lado que "é muito cedo para dizer e culpar" durante as investigações, e lembrou que o FBI "não pode simplesmente interrogar americanos ou imigrantes legais porque querem", em relação à decisão da agência de encerrar sua investigação sobre Tamerlan após não encontrar provas.
Também causou polêmica a decisão de permitir que uma juíza federal lesse na segunda-feira os direitos do sobrevivente dos irmãos, Dzhokhar, pondo fim a um interrogatório e também a sua colaboração com as autoridades, dado que o jovem quase não falou desde que foi informado de seu direito a permanecer calado.
O senador democrata Joe Manchin afirmou à "Fox News" que as autoridades "atiraram cedo demais" na decisão de ler seus direitos ao suspeito, e o republicano Dan Coats disse à "CNN" que o "surpreendeu" que não prorrogassem o interrogatório "quando havia razões legais e administrativas para fazê-lo".
Os irmãos Tsarnáev são acusados de serem os responsáveis dos atentados cometidos no dia 15 de abril na maratona de Boston, que deixaram três mortos e quase 300 feridos.
Dzhokhar, único acusado depois que seu irmão morreu na operação policial após esses ataques, foi transferido na sexta-feira do hospital em que estava ferido para o hospital de uma prisão federal no centro de Massachusetts.