Esclarecimentos
Murdoch comparecerá ao Parlamento britânico
Sob ameaça de detenção, o magnata das comunicações Rupert Murdoch e o filho dele, James, decidiram ontem acatar a rara intimação para que compareçam perante o Parlamento britânico na próxima terça-feira para prestar esclarecimentos sobre o escândalo dos grampos telefônicos no News of the World.
Com eles estará Rebekah Brooks, editora-chefe da publicação no período em que, supostamente, seus repórteres teriam usado grampos telefônicos ilegais na busca por informações exclusivas.
De acordo com as denúncias, quase 4 mil pessoas foram grampeadas, entre celebridades, políticos e vítimas de crimes.
O escândalo já provocou o abrupto fechamento do tabloide e obrigou Murdoch a desistir daquele que seria, provavelmente, o seu maior negócio a compra da totalidade das ações da BSkyB, a maior provedora de TV paga do Reino Unido.
Será a primeira vez que os três responderão publicamente sobre o caso, e em um momento de forte pressão da opinião pública.
As ações da News Corporation, conglomerado de Murdoch, vêm caindo desde que o escândalo veio à tona.
O escândalo de grampos ilegais envolvendo o extinto tabloide britânico News of the World ganhou ontem novos contornos no outro lado do Atlântico, elevando ainda mais a pressão sobre o magnata Rupert Murdoch. Nos Estados Unidos, o FBI a polícia federal norte-americana abriu uma investigação para apurar denúncias contra o conglomerado midiático de Murdoch, a News Corp.
Há indícios de que veículos da News Corp. teriam grampeado telefones de vítimas do 11 de Setembro. A decisão de abrir o inquérito ocorreu depois que o deputado republicano Peter King escreveu uma carta para o diretor do FBI pedindo a investigação.
A rede de televisão Sky News parte do império de mídia de Murdoch afirmou, porém, que o FBI vai trabalhar em conjunto com a Polícia Metropolitana de Londres e que a investigação vai focar apenas nas acusações contra os jornais britânicos.
"Estamos cientes das acusações e o FBI abriu uma investigação para estudá-las", confirmou à agência Efe uma porta-voz da polícia em Nova York.
O FBI e o Departamento de Justiça negaram-se a dar detalhes da investigação. "O Departamento não faz comentários sobre as investigações, mas quando encontrarmos provas de algum crime tomaremos as ações necessárias", disse o porta-voz do Departamento de Justiça.
A News Corp. está no centro dos escândalos das escutas telefônicas ilegais no Reino Unido que provocaram o fechamento repetino do tabloide News of the World, de mais de um século e meio de existência.
Protestos
Ao mesmo tempo em que o FBI inicia investigações sobre a atuação do grupo de Murdoch, dezenas de pessoas protestaram ontem em frente à casa de Murdoch, em Nova York, para entregar uma petição denunciando o "racismo" do canal Fox News e exigir uma investigação nos Estados Unidos sobre as atividades do grupo.
O protesto foi convocado pela organização afro-americana Color of Change. Um de seus responsáveis tentou entregar sem êxito as petições no edifício da Quinta Avenida, em frente do Central Park, onde Murdoch mora.
"Isso não é apenas sobre escutas telefônicas", disse o diretor-executivo da Color of Change, Rashad Robinson, ao se referir ao protesto. "Mais de 110 mil membros da Color of Chance pediram à Fox News para acabar com sua provocação racial. E (o diretor da Fox News) Roger Ailes e Rupert Murdoch permaneceram em silêncio, demonstrando que estão dispostos a fazer qualquer coisa para obter lucro", criticou.
A Color of Change acusa o canal de notícias americano de recorrer a "esteriótipos raciais" em certas referências ao presidente Barack Obama.
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