O ex-presidente Fidel Castro entre seu irmão, Raúl (direita), o novo número um do Partido Comunista, e Ramon Machado (esquerda), o número dois| Foto: Adalberto Roque/AFP

Acordo prevê liberação de compra e venda de imóveis e automóveis

O 6.º Congresso do Partido Co­­munista de Cuba (PCC) aprovou ontem as reformas de Raúl Cas­­tro. Se o go­­verno e o Parlamento colocarem os acordos em prática, os cubanos poderão comprar e vender casas e carros, além de receber créditos para negócios e cultivos.

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"Geração que assume o poder tem interesses ultrapassados"

Cética em relação às reformas aprovadas no Congresso do Partido Comunista de Cuba (PCC), a diretora do Instituto de Pesquisas Cubanas da Universidade Internacional da Flórida, Uva de Aragón, vê contradições no anúncio do presidente Raúl Castro sobre as novas medidas.

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Havana - Depois de mais de 50 anos no poder em Cuba, Fidel Castro se aposentou oficialmente. Seu ir­­mão, Raúl Castro, que assumiu a Presidência do país em 2006 , foi designado ontem primeiro-secretário do Partido Comunista de Cuba (PCC), durante o congresso da si­­gla que aprovou as medidas apresentadas pelo líder no decorrer dos últimos anos.

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No mês passado, o ex-presidente já havia dado sinais de que deixaria totalmente o poder no país. Fidel era o primeiro-secretário do PCC, principal cargo do partido, desde sua fundação, em 1965.

Aos 84 anos, o ex-presidente, em artigo publicado na capa do jornal Granma, Fidel disse que a nova geração está sendo chamada a retificar e alterar, sem hesitação, tudo que deve ser retificado e alterado, e a continuar demonstrando que o socialismo é também a arte de fazer o impossível acontecer.

Mas as decisões do Congresso do partido, encerrado ontem, de­­monstram que a velha guarda continuará a comandar os rumos da ilha comunista. Além de seu irmão, Raúl Castro, 79 anos, ocupar a partir de agora os dois principais postos de comando – o de presidente do país e de primeiro-secretário do PCC –, o número dois da hierarquia também é da antiga geração.

José Ramón Machado Ventu­­ra, de 80 anos, foi escolhido se­­gundo-secretário do partido, posto que antes era ocupado por Raúl Cas­­tro. O ve­­terano da guerrilha de Sierra Ma­­es­­tra, que já era desde 2008 vice-presidente do Con­­selho de Estado, é o segundo-se­­cretário.

"Não é o perfeito, mas é o que podemos fazer por enquanto", disse Raúl ao ser confirmado co­­mo chefe máximo do PCC.

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O tom de justificativa de Raúl, no encerramento do Congresso, tinha um motivo: o anúncio de que será a "velha guarda" que co­­mandará as reformas econômicas anunciadas para a ilha contrasta com a promessa de promover um "rejuvenescimento sistemático" do PCC feita dias antes por ele mesmo.

Fidel fez uma aparição-surpresa na cerimônia. De abrigo esportivo, o ex-ditador caminhou devagar até a mesa principal do encontro. Foi ovacionado, enquanto a tevê estatal focava militantes às lágrimas. Não disse uma palavra.

Renovação

Três novos nomes ascenderam ao birô, com destaque para Marino Murillo, 50 anos, espécie de czar das reformas econômicas, e o no­­vo ministro da Economia, Adel Iz­­quierdo, 65 anos.

Já no Comitê Central, a renovação foi maior: 59 dos 115 nomes. Raúl frisou o esforço de aumentar a representação de mulheres (de 48%) e de negros e mestiços (31%).

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A força dos militares no governo do general e ex-ministro da De­­fesa Raúl se sobressaiu no listado das duas instâncias. No birô, nada menos que 40% são militares, e são eles que controlam as maiores holdings estatais, como a de turismo Gaesa. Também estão à frente de joint-ventures com capital es­­trangeiro em mineração.