Forças leais ao dirigente Muamar Kadafi atacaram na quarta-feira os rebeldes que dominam a localidade de Zawiyah, no oeste da Líbia, cercando-os na praça principal com tanques e atiradores de elite, segundo relato de um morador e de um combatente rebelde.
"Podemos ver os tanques. Os tanques estão em toda parte," disse o combatente à Reuters, falando por telefone de Zawiyah, a cidade rebelde mais próxima da capital, Trípoli.
"Eles cercaram a praça com tanques e franco-atiradores. A situação não é tão boa. É muito assustador. Há muitos franco-atiradores," afirmou o morador.
Enquanto a comunidade internacional ainda hesita sobre como reagir à crise na Líbia, uma contra-ofensiva promovida por partidários do governo conteve o avanço dos rebeldes no leste e nas cidades de Zawiyah e Misrata, no oeste.
A secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, deixou claro que Washington considera que a imposição de uma zona de exclusão aérea é um assunto para as Nações Unidas, e não deve ser uma iniciativa liderada pelos EUA.
"Queremos ver a comunidade internacional apoiar (a zona de exclusão aérea)," disse ela à TV Sky News. "Acho importantíssimo que não seja um esforço sob liderança dos EUA."
O combatente rebelde de Zawiyah, chamado Ibrahim, disse que as forças leais a Kadafi controlam a avenida principal e os subúrbios. As forças rebeldes ainda controlavam a praça, e o inimigo estava a cerca de 1.500 metros de distância, disse ele.
Ibrahim contou ainda que há franco-atiradores do Exército no topo da maioria dos edifícios, disparando em quem se atreve a deixar suas casas. "Há muitos mortos e não se pode sequer enterrá-los. Zawiyah está deserta. Não há ninguém nas ruas. Nenhum animal, nem mesmo os pássaros no céu," disse ele.
Um porta-voz do governo disse que os soldados controlam a maior parte de Zawiyah, mas que ainda há um pequeno grupo de combatentes rebeldes, "talvez 30 ou 40, escondendo-se nas ruas e no cemitério." "Eles estão desesperados," disse o porta-voz em Trípoli.
Os jornalistas estrangeiros foram impedidos de entrar Zawiyah, 50 quilômetros a oeste de Tripoli, e em outras cidades perto da capital sem escolta oficial.
A euforia revolucionária parece ter diminuído. "As pessoas estão morrendo lá fora. As forças de Kadafi têm foguetes e tanques," disse à Reuters na quarta-feira Abdel Salem Mohamed, 21 anos, perto da cidade de Ras Lanuf. "Está vendo isto aqui? Isto aqui não presta," disse ele, apontando para sua metralhadora leve.
Bombardeios atingiram as posições rebeldes por trás da "terra de ninguém" no trecho de deserto entre Ras Lanuf e Jawad Bin, 550 quilômetros a leste de Trípoli. As cidades ficam a cerca de 60 quilômetros de distância entre si, na estrada estratégica ao longo da costa do Mar Mediterrâneo.
As tropas governistas que haviam cercado a cidade rebelde de Misrata partiram na terça-feira, dirigindo a leste para Sirte, junto com reforços provenientes de Trípoli, segundo um morador. Já havia relatos anteriores de Sirte havia recebido reforços militares do sul.Rebeldes líbios pedem zona de exclusão aérea
A liderança rebelde na Líbia fez um pedido comovido à comunidade internacional nesta quarta-feira pela imposição de uma zona de exclusão aérea que obrigue os aviões de guerra de Muamar Kadafi a ficarem em terra, o que interromperia as mortes diárias que ocorrem no país.
Kadafi disse nesta quarta-feira, de sua base em Trípoli, que o povo líbio lutará contra uma zona de exclusão aérea, pois isso seria uma prova de que as potências do Ocidente querem "controlar a Líbia e roubar seu petróleo".
Os rebeldes que estão na linha de frente entre o leste da Líbia, controlada pelas forças da oposição, e o oeste, controlado pelas forças de Kadafi, estão cada vez mais frustrados com a falta de ação de Washington e do Ocidente. Os rebeldes estão constantemente usando metralhadoras para responder aos ataques dos aviões de guerra.
"Eles tiveram uma zona de exclusão aérea no Iraque. Por que Gaddafi é seu queridinho e Saddam Hussein não era?", disse o voluntário Naji Saleh à Reuters, de um local próximo à cidade de Ras Lanuf, referindo-se à zona de exclusão imposta ao Iraque durante mais de uma década.
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