Forças leais ao presidente Bashar al-Assad atacaram neste sábado (14) a cidade síria de Homs, matando uma pessoa, segundo ativistas da oposição. Foi a primeira vez que um ataque desse tipo ocorreu desde o início do cessar-fogo, há dois dias.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas votará uma resolução criada por países do Ocidente e árabes para autorizar uma equipe do órgão a monitorar o frágil cessar-fogo na Síria, que tenta acabar com 13 meses de violência, durante revoltas contra Assad.
Ainda não está claro se a Rússia, uma das aliadas de Assad, pode ser persuadida a apoiar a resolução, que exige da Síria acesso para uma equipe de 30 observadores militares não armados e ameaça partir para "passos posteriores" caso o governo não cumpra seus deveres.
"Houve um ataque na última noite à parte antiga da cidade, em Jouret al-Shiyah e Al-Qarabis. E ouvi oito estrondos na última hora", afirmou Karm Abu Rabea, ativista que vive em um bairro próximo.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, que tem sede na Grã-Bretanha, afirmou que o ataque matou uma pessoa e deixou vários feridos.
O ativista Walid al-Fares mostrou à Reuters imagens de uma espessa coluna de fumaça subindo ao céu perto de uma mesquita, e afirmou que as forças sírias fizeram uso de morteiros e armas de fogo.
Uma fonte da oposição, que pediu anonimato por temer retaliações de seu próprio grupo, afirmou que o ataque do Exército ocorreu depois que rebeldes armaram uma emboscada a tropas do governo na cidade na noite de sexta.
Violência em Aleppo
A agência de notícias estatal síria SANA e grupos oposicionistas trocaram acusações neste sábado por um tiroteio na cidade de Aleppo, que deixou três feridos, de acordo com o Observatório.
"Grupos terroristas armados espalhados em Hay al-Etha abriram fogo aleatoriamente e atacaram propriedades públicas e privadas", afirmou a SANA.
A agência informou também que os "terroristas armados" mataram duas pessoas neste sábado nas cidades de Deir al-Zor e Deraa, e que sequestraram um coronel do Exército na cidade de Hama.
A esperança de que a trégua pudesse acabar com os ataques que amedrontaram os manifestantes por meses acabou quando forças leais a Assad mataram a tiros cinco deles após as orações de sexta-feira, disseram ativistas.
A ONU calcula que as forças de Assad já mataram mais de 9.000 pessoas desde o início da revolta. Autoridades culpam militantes apoiados pelo exterior pela violência e alegam que eles já mataram mais de 2.500 soldados e policiais.
A pressão internacional aumentou para que a Síria cumpra os compromissos que fez com o enviado de paz da ONU, Kofi Annan, ou seja, retire as tropas e as armas das cidades, permita acesso humanitário e da imprensa, solte prisioneiros e discuta uma transição política.
Delegações norte-americanas e europeias tiveram que revisar a resolução no fim desta sexta-feira, depois de o embaixador da Rússia na ONU, Vitaly Churkin, ter dito a repórteres que era preciso "cortar todas as coisas que não têm realmente o propósito particular" de levar a paz à nação. O conselho vai se reunir neste sábado às 12h (horário de Brasília).
Diplomatas das Nações Unidas dizem que a Rússia apoia os esforços de paz de Annan, mas está trabalhando para proteger Damasco do que teme ser uma pressão do Ocidente para que haja uma mudança de regime ao estilo da Líbia, que tiraria de Moscou sua única base de operações estratégica no Oriente Médio.
A Rússia e a China já vetaram duas resoluções que condenavam os ataques de Assad a manifestantes.
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