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Forças sírias mataram pelo menos 17 pessoas em ataques perto da fronteira com o Líbano e na área tribal sunita do país, disseram ativistas, numa continuação da campanha para esmagar os protestos contra o presidente Bashar al-Assad, apesar de novas sanções dos Estados Unidos e de apelos regionais para o fim do derramamento de sangue.

Ativistas de direitos humanos disseram que 11 civis foram mortos na quinta-feira, incluindo uma mulher e uma criança, quando tropas e tanques invadiram Qusair, no norte do país, após protestos realizados durante a noite pedindo a saída de Assad.

Nas redondezas de Homs, ativistas afirmaram na sexta-feira (horário local) que três pessoas foram mortas durante a noite no distrito residencial de Byada em decorrência de protestos na cidade.

No leste, tropas e membros da temida Inteligência Militar, apoiados por tanques e veículos armados, ampliaram as investidas em Deir al-Zor, capital da província produtora de petróleo que está perto do centro sunita iraquiano.

Quatro civis foram mortos em ataques a casas em Deir al-Zor na quinta-feira e várias lojas pertencentes a famílias de dissidentes importantes na cidade foram atacadas, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos.

Uma pessoa também foi morta na cidade de Latakia, no litoral.

Por volta de 14 tanques e veículos blindados também vasculharam a localidade de Saraqeb, situada na principal rodovia norte-sul da Síria e palco de manifestações diárias de protesto. Segundo disseram moradores, por telefone, cem pessoas foram presas pelas forças de segurança.

Os tanques depois deixaram o local e os moradores tomaram as ruas em protestos à noite, mas forças de segurança atiraram nos manifestantes, ferindo quatro pessoas, disse o Observatório Sírio.

O norte da Síria, em especial a província de Idlib, contígua à Turquia, tem sido um dos propulsores das manifestações que se espalham pelo país para exigir liberdade política, inspiradas nas revoltas populares em várias partes do mundo árabe contra regimes repressivos.

Desde o início do levante, há cinco meses, contra os 41 anos de regime repressivo da família Assad, a Síria vem impedindo o trabalho da maioria dos jornalistas independentes, o que dificulta a checagem dos relatos feitos por ambos os lados.

Pelo menos 1.700 civis foram mortos no conflito, dizem grupos de defesa dos direitos civis. Desde o início do Ramadã, mês sagrado para os muçulmanos, uma série de incursões militares em cidades e vilarejos aprofundou a condenação internacional ao governo do país.

Sanções dos EUA

Na quarta-feira, os EUA impuseram sanções contra um banco estatal sírio e a maior empresa de telefonia móvel do país, numa estratégia para afetar a infraestrutura sobre a qual se assenta o regime autocrático de Assad.

A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, questionada por que os Estados Unidos ainda não pediram a saída do presidente da Síria, disse que Washington quer que outros países manifestem suas vozes.

Hillary também disse que seria necessária uma sanção à indústria de petróleo e gás da Síria para pressionar Assad.

"E queremos ver a Europa tomar mais passos nessa direção. E queremos ver a China adotando medidas conosco", disse. "Não há dúvidas na mente de ninguém onde os Estados Unidos estão."

Turquia, Arábia Saudita e Egito, potências regionais, também vêm pressionando Assad, mas nenhum país propôs uma intervenção militar como a desencadeada pelas forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) contra o líder da Líbia, Muamar Kadafi.

A Síria diz que 500 soldados e policiais foram mortos no conflito, que atribui a gangues armadas e terroristas.

Países europeus integrantes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas advertiram a Síria, na quarta-feira, de que pode sofrer sanções mais duras se Assad continuar com os ataques violentos contra os manifestantes.

A Rússia pediu que o governo sírio ponha em prática o mais breve possível as reformas prometidas.

Mas Rússia e China, ambas com poder de veto no Conselho, no qual contam ainda com o apoio do Brasil, Índia e África do Sul, vêm se opondo veementemente à ideia de ampliar as sanções contra a Síria, medida que diplomatas de alguns países ocidentais consideram que seria logicamente o próximo passo.

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