Esquerda volta ao poder na França
O socialista François Hollande foi eleito presidente da França neste domingo ao derrotar o atual chefe de Estado, o conservador Nicolas Sarkozy, no segundo turno das eleições francesas.
Esquerda toma as ruas da França para celebrar vitória de Hollande
Os simpatizantes da esquerda na França tomaram as ruas do país neste domingo para comemorar a vitória do socialista François Hollande nas eleições presidenciais contra o conservador Nicolas Sarkozy em uma demonstração de júbilo que teve seu auge na simbólica Praça da Bastilha de Paris.
Pesquisa aponta vitória da esquerda francesa também nas legislativas
A esquerda francesa alcançará a vitória na primeira rodada das eleições legislativas de junho com 46% das intenções de voto, oito pontos a mais que em 2007, aponta uma pesquisa do Instituto BVA divulgada neste domingo.
Dilma parabeniza francês Hollande por vitória eleitoral
A presidente Dilma Rousseff defendeu que o aperto fiscal seja acompanhado por políticas de crescimento e inclusão social na França, ao cumprimentar o novo presidente eleito no país, François Hollande, pela vitória. Em mensagem encaminhada esta noite, a presidente aproveitou para convidar o colega para a Rio+20, a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, em junho, no Rio de Janeiro.
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O socialista François Hollande foi eleito presidente da França neste domingo ao derrotar o atual chefe de Estado, o conservador Nicolas Sarkozy, no segundo turno das eleições francesas.
Hollande se converte assim no segundo presidente socialista da V República Francesa, fundada pelo general Charles De Gaulle em 1958, depois de François Mitterrand, chefe de Estado de 1981 a 1995.
Recebido por uma multidão na emblemática Praça da Bastilha, em Paris, Hollande afirmou que sua vitória marca o início de "um movimento que se ergue em toda a Europa" e pelo mundo em busca dos valores de esquerda.
"Vocês são muito mais que um povo que quer a mudança, são um movimento que se levanta por toda a Europa e, talvez, por todo o mundo para promover nossos valores, nossas aspirações e nossas exigências de mudança".
"Vamos nos lembrar, pelo resto de nossas vidas, deste grande encontro aqui na Bastilha, que irá inspirar outros povos, de toda a Europa, para a mudança que se anuncia". "Em todas as capitais, além dos chefes de Estado e de Governo, há pessoas que graças a nós têm esperança, nos olham e querem terminar com a austeridade".
Há 31 anos, a esquerda ocupou a Bastilha para celebrar a vitória de Mitterrand, presidente da França de 1981 a 1995.
Em seu primeiro discurso como presidente eleito, na cidade de Tulle (centro), Hollande disse que está "ciente de que toda a Europa nos observa (...) e de que em diversos países europeus há um sentimento de alívio e de esperança, de que, por fim, a austeridade não deve ser mais uma fatalidade".
"Neste 6 de maio, os franceses escolheram a mudança para me levar à presidência da República" e estou "orgulhoso por ter sido capaz de devolver esta esperança". "Prometo ser o presidente de todos".
Já na Bastilha, Hollande pediu à esquerda que "não abandone a mobilização" visando às eleições legislativas de 10 e 17 de junho.
Sarkozy reconheceu a derrota no início da noite e chamou Hollande de "novo presidente" que o "povo francês elegeu de forma democrática e republicana".
O atual chefe de Estado assumiu "toda a responsabilidade pela derrota" e comunicou a seus partidários que não liderará a luta para as eleições legislativas de junho.
"Não se dividam, permaneçam unidos. É preciso vencer a batalha das legislativas. Podemos ganhar. O resultado (deste domingo) foi honroso. Mas não vou liderar esta campanha".
"Minha posição não pode ser a mesma. Meu compromisso com a vida do meu país será diferente agora", disse Sarkozy.
Hollande já anunciou que renegociará o pacto fiscal europeu de ajustes e austeridade, elaborado por Sarkozy e pela alemã Angela Merkel, com o objetivo de relançar o crescimento.
A chanceler alemã telefonou para felicitar Hollande por sua vitória e convidá-lo a visitar Berlim: "Merkel ligou para cumprimentá-lo e ambos acertaram um primeiro encontro e que vão trabalhar juntos para fortalecer a relação franco-alemã em prol da Europa", disse o diretor de campanha do líder socialista francês, Pierre Moscovici.
O ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, confirmou que seu país "vai trabalhar junto" com a França "por um pacto de crescimento para a União Europeia". "Precisamos incrementar novas medidas de crescimento, e isto passa por reformas estruturais".
O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, felicitou "calorosamente" Hollande por sua eleição e disse que "claramente temos um objetivo comum: relançar a economia europeia para gerar um crescimento duradouro".
"Pessoalmente e em nome da Comissão Europeia, felicito calorosamente François Hollande por esta importante vitória e lhe envio todos os votos de sucesso". "Os desafios pela frente são numerosos, na França e na União Europeia".
Barroso recordou que compartilha com Hollande "a convicção de que faz falta investir no crescimento e nas grandes redes de infraestrutura, mobilizando de maneira mais forte o Banco Europeu de Investimentos e os fundos disponíveis no orçamento europeu, sempre observando o objetivo de consolidação fiscal e de redução da dívida".
O presidente americano, Barack Obama, cumprimentou Hollande e o convidou para uma reunião em Washington este mês, antes de participar das cúpulas do G8 e da Otan.
Em um telefonema, Obama destacou "que espera trabalhar com Hollande e com seu governo sobre os desafios econômicos e de segurança comuns" e os dois líderes "reafirmaram a importância e a durabilidade da aliança entre os povos de Estados Unidos e França".
O presidente americano deve promover uma reunião entre os líderes do Grupo dos Oito - que reúne as nações mais ricas do planeta - em Camp David, Maryland, entre 18 e 19 de maio, seguida da cúpula da Otan em Chicado, em 20 e 21 de maio.
Obama propôs uma reunião com antecedência na Casa Branca para um encontro bilateral.
O primeiro-ministro conservador britânico, David Cameron, telefonou a Hollande para cumprimentá-lo e os dois se disseram "impacientes para trabalhar muito estreitamente e para construir uma relação muito próxima, que já existe entre Grã-Bretanha e França", destacou Downing Street.
A presidente Dilma Rousseff transmitiu suas "mais efusivas saudações" a Hollande e revelou acompanhar "com grande interesse suas propostas para superar a crise na Europa com responsabilidade e, principalmente, com políticas que favorecem o crescimento, o emprego e a inclusão social".
"França e Brasil estão unidos por ambiciosos projetos bilaterais, como consequência da aliança estratégica que estabelecemos, e estou segura de que continuaremos com esta cooperação nos próximos anos".
O presidente do Conselho italiano, Mario Monti, manifestou seu desejo de "colaborar estreitamente com a França", visando "uma união cada vez mais eficaz e orientada ao crescimento".
Hollande obteve 51,56% dos votos, contra 48,44% para Nicolas Sarkozy, segundo a apuração oficial sobre 91% das urnas.
A taxa de abstenção foi de 18,86%, abaixo dos 20,52% do primeiro turno, e mais de dois milhões votaram em branco ou nulo.
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