O ex-presidente Alberto Fujimori , que está preso no Peru, deve receber daqui a cerca de dois meses sua primeira sentença em um dos sete processos nos quais é réu, acusado de corrupção e violação dos direitos humanos, disse na segunda-feira o Judiciário peruano. O primeiro julgamento é um "processo sumário" sobre o suposto arrombamento da casa da mulher do chefe de espionagem Vladimiro Montesinos. Fujimori é acusado de retirar provas contra ele do local, disse o presidente do Judiciário, Francisco Távara.
- Esse caso de arrombamento pode terminar, acho, mais rápido; os outros casos (de violações de direitos humanos) são mais complicados, mas acho que não devemos pensar em anos - disse Távara à rádio RPP.
Segundo os documentos do caso, Fujimori ordenou, em novembro de 2000, o arrombamento da residência para que fossem levadas 40 maletas que pertenciam a Montesinos. As malas conteriam gravações em vídeo e provas comprometedoras para o ex-presidente.
Montesinos, considerado braço direito de Fujimori, está preso em uma base naval desde 2001. Ele registrou em milhares de gravações em vídeo e em áudio a corrupção que atingiu a gestão Fujimori, entre 1990 e 2000.
Foi a divulgação de um desses vídeos, em que Montesinos aparecia entregando 15 mil dólares a um parlamentar da oposição em troca de apoio ao partido governista, que deflagrou em setembro de 2000 o maior escândalo de corrupção da história do país, que culminou com a queda do governo Fujimori. O então presidente fugiu para o Japão, onde permaneceu até 2005, quando foi para o Chile.
A Justiça chilena decidiu extraditá-lo na semana passada, em uma senteça histórica por acusações de violação aos direitos humanos e corrupção. Fujimori chegou ao Peru no sábado, depois de passar dois anos em prisão domiciliar no Chile. No domingo, o ex-presidente viveu seu primeiro dia de detenção no Peru rodeado por 240 policiais e sob supervisão médica, por estar com pressão alta e resfriado.