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Mihail Gorbachev, último dirigente da União Soviética, pede retomada dos diálogos para aliviar a tensão entre países | EFE/EPA/JENS KALAENE
Mihail Gorbachev, último dirigente da União Soviética, pede retomada dos diálogos para aliviar a tensão entre países| Foto: EFE/EPA/JENS KALAENE

O último dirigente da União Soviética, Mihail Gorbachev, disse neste sábado (8) em Berlim que o mundo se encontra "à beira de uma nova Guerra Fria" e convocou os líderes da comunidade internacional a retomar o diálogo.

O ex-líder soviético, que se encontra na capital alemã por ocasião das celebrações do 25º aniversário da queda do muro, afirmou que "o derramamento de sangue na Europa e no Oriente Médio com o cenário de uma ruptura do diálogo entre as grandes potências é de grande preocupação".

"O mundo se encontra à beira de uma nova Guerra Fria. Alguns dizem inclusive que já começou", afirmou Gorbachev na abertura do simpósio "O mundo 25 anos depois da queda do muro de Berlim: novas dúvidas, novas divisões, novos muros".

Os eventos da década de 80 são uma prova que "inclusive em situações aparentemente sem esperanças há uma saída", declarou o ex-dirigente, ressaltando que a realidade na ocasião "não era menos urgente e perigosa" do que agora.

Gorbachev lembrou que foi possível reverter essa situação normalizando as relações e colocando um fim no enfrentamento e à Guerra Fria, principalmente graças ao fato da retomada do diálogo, a "máxima prioridade" na atualidade.

O ex-dirigente pediu diálogo para o presidente russo, Vladimir Putin, que "apesar de suas duras críticas sobre o Ocidente e os Estados Unidos" abriga em seu discurso "o desejo de encontrar uma via para diminuir as tensões e construir uma nova base para a cooperação".

Gorbachev disse que a tensão entre o Kremlin e Ocidente como consequência do conflito na Ucrânia também está afetando as relações entre Moscou e Berlim, e lembrou que "sem a cooperação entre Rússia e Alemanha não pode haver segurança na Europa".

Além disso, o ex-dirigente considerou que os eventos dos últimos meses são o reflexo do "desmoronamento da confiança" construída "com tanto trabalho e esforço mútuo" no fim da Guerra Fria, e "sem a qual as relações internacionais no mundo global são inconcebíveis".

Para o artífice da "perestroika" (reconstrução) e da "glasnost" (transparência) na URSS, a Europa corre o perigo de "perder sua palavra nos assuntos internacionais e passar a ser gradualmente irrelevante".

"Em lugar de liderar a mudança em um mundo global, a Europa se transformou em uma arena de agitação política, de competição por esferas de influência e de conflito militar. A consequência inevitável é o enfraquecimento da Europa em um momento no qual outros centros de poder e influência ganham força", disse.

Fazendo referência à queda do muro, o ex-presidente soviético disse que "a reunificação pacífica da Alemanha só foi possível porque esteve precedida de grandes mudanças na política internacional e na mente das pessoas".

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