- Quanto tempo uma pessoa resiste sem água e sem comida?
- Mais fortes vencem disputa por comida
- Encerrado o resgate das vítimas
- O caminho percorrido pelas doações
- O preço de recomeçar
- Equipes de resgate tentam salvar homem sob escombros no Haiti
- Bombeiros permanecem no Haiti mesmo com anúncio do fim das buscas por sobreviventes
O número confirmado de mortos no terremoto ocorrido no Haiti já supera 150 mil apenas na região metropolitana de Porto Príncipe, disse neste domingo (24) a ministra de Comunicações do país, Marie-Laurence Jocelyn Lassegue. Há outros milhares de mortos pelo restante do país ou ainda enterrados sob os escombros. A ministra disse que esse número baseia-se numa contagem de corpos na capital e em áreas próximas pela CNE, uma companhia estatal que tem coletado corpos ao norte de Porto Príncipe. A contagem não inclui outras cidades afetadas, como Jacmel, onde milhares de pessoas são dadas como mortas.
Neste sábado (23) a Organização das Nações Unidas (ONU) disse que o governo confirmou 111.481 corpos; no total, as autoridades estimam mais de 200 mil vítimas fatais do tremor de grau 7, segundo dados do governo haitiano citados pela Comissão Europeia. Especialistas afirmam que são mínimas as chances de que mais sobreviventes sejam encontrados, embora neste sábado um homem tenha sido resgatado.
Tropas brasileiras distribuem alimentos em favela
As tropas internacionais da ONU lideradas pelo Brasil distribuíram comida e água em uma das maiores favelas do Haiti neste domingo, em meio a críticas de que as vítimas do terremoto não estavam recebendo auxílio rápido o suficiente.
Os sobreviventes foram acomodados em más condições em cerca de 300 acampamentos improvisados por toda a capital destruída do Haiti, Porto Príncipe. Alguns reclamam não ter recebido ajuda suficiente após 12 dias do forte terremoto que atingiu o país caribenho, apesar de uma ampla operação internacional.
Na favela Cité Soleil, membros do Exército norte-americano formaram um corredor ao lado de casas, enquanto centenas de haitianos fizeram fila para receber pacotes de comida, água e biscoitos. A favela tem sido um foco de violência, mas não houve registros de problemas durante a entrega dos alimentos.
Instruções sobre a distribuição foram feitas por meio de alto-falantes em caminhões, e os sacos de arroz, feijão e farinha de milho foram entregues.
"A ajuda que temos disponível está sendo distribuída", disse o tenente-general Ken Keen, comandante da operação militar norte-americana no Haiti. "Mas a necessidade é tremenda."
"Todo dia é um dia melhor do que ontem. Amanhã será um dia melhor do que hoje."
Em resposta às críticas, o diretor da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional Rajiv Shah disse que sua organização está fazendo tudo que pode, em circunstâncias difíceis.
"A escala da destruição e as consequências para as pessoas não têm paralelo... Nós nunca vamos atender às necessidades tão rapidamente como gostaríamos", disse Shah à Reuters. "Nós vamos ficar aqui, prestando ajuda, por um longo tempo."
Embora as Nações Unidas tenham anunciado que o governo do Haiti havia suspendido as operações de busca e salvamento, equipes de resgate internacionais conseguiram retirar no sábado um homem preso sob os escombros em Porto Príncipe.
Após uma operação de resgate de quatro horas, o homem haitiano foi cuidadosamente retirado das ruínas do Napoli Hotel Pousada. Ele é o mais recente resgatado entre mais de 130 pessoas retiradas com vida de edifícios destruídos por equipes de resgate internacionais.
Distribuição de Alimentos
Além dos desafios logísticos, há ainda preocupações sobre a segurança e as operações de distribuição de comida.
Em um acampamento em Porto Príncipe no sábado, pessoas desesperadas por comida agarraram sacos de arroz durante o descarregamento de um caminhão, mesmo diante de guardas norte-americanos e da ONU.
O caos preocupou os funcionários da Plan International, que interromperam o fornecimento de alimentos até que a multidão fosse controlada. Cada saco de comida foi entregue para ser dividido para quatro adultos na fila. Cerca de 15 mil pessoas esperavam pelos mantimentos.
O Programa Mundial de Alimentos foi forçado a suspender algumas das atividades de distribuição, após ataques a dois de seus comboios de ajuda na sexta-feira, disse Thiry Benoit, diretor adjunto da agência da ONU para o Haiti.
Uma maternidade no subúrbio de Petionville fez um pedido urgente por comida, no sábado, dizendo que estava lotada de mulheres grávidas e sem alimentos disponíveis. O grupo Food for the Poor afirmou ter enviado um carregamento de arroz, feijão e outros produtos para o local.
Autoridades do Programa Mundial de Alimentos estimam que alguma forma de auxílio já chegou a mais de dois terços dos acampamentos de desabrigados.
Em meio à devastação, há indícios de que o Haiti está voltando à vida normal. As pessoas esperavam diante de bancos, reabertos no sábado, ansiosas para obter dinheiro para a compra de comida e bens essenciais.
Frutas e legumes voltaram a aparecer em abundância em bancas de rua, mas as pessoas dizem ter pouco dinheiro para comprá-los e que preços estão mais elevados do que antes do terremoto.
As pessoas que aguardavam no local e jornalistas aplaudiram quando o homem foi retirado e transportado em uma ambulância.
"Nós temos uma indicação de que há mais pessoas lá. Nós vamos voltar", afirmou Michalska.
Equipes francesa, grega e dos EUA localizaram um homem mais cedo, que foi ouvido falando e batendo debaixo dos escombros.