O governo do Irã deu mais um passo nesta quarta-feira (17) em sua estratégia de confronto contra a imprensa e os blogueiros. Uma dia após proibir jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas estrangeiros de participarem das manifestações contra e a favor do resultado das eleições presidenciais, a Guarda da Revolução Islâmica emitiu um comunicado exigindo que todos os sites eliminem qualquer página com conteúdo que "incite o ódio". O governo ameaçou usar medidas legais para impedir a divulgação de tais conteúdos.

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A Guarda também culpou empresas dos Estados Unidos e o Canadá, além de agências de inteligência americana, por financiar e dar suporte técnico a tais sites.

"Em breve vamos informar o público sobre os detalhes dessas redes destrutivas. Vamos alertar as pessoas que querem usar o espaço cibernético para incitar o ódio, ameaçar e criar rumores. Ações legais serão tomadas contra essas pessoas e a pena será muito dura", informou o comunicado da Guarda.

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A Guarda da Revolução Islâmica é um exército ideológico do regime e só responde ao líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei. Ela foi criada logo após a revolução para defender o sistema islâmico do país e para oferecer um contrapeso para as Forças Armadas. Desde então, tornou-se uma importante força militar, política e econômica no Irã.

Mais cedo, um ativista pró-reforma e um editor de um jornal foram presos, na mais recente detenção desde a eleição presidencial. Segundo uma fonte, Saeed Laylaz, editor de economia do jornal "Sarmayeh", e o ativista Mohammadreza Jalaiepour foram presos na manhã de quarta-feira (horário local). Jalaiepour foi detido no aeroporto internacional de Teerã. Laylaz é também um analista político que critica com frequência a economia e a posições políticas do governo do presidente Mahmoud Ahmadinejad.

Mesmo com o comunicado da Guarda, apoiadores do candidato derrotado à Presidência Mir Houssein Moussavi devem manter a pressão com novos protestos nesta quarta-feira contra a polêmica eleição, que provocou as maiores manifestações no país desde a Revolução Islâmica de 1979. Apesar da prontidão das autoridades para uma recontagem parcial dos votos, eles pretendem organizar o quinto dia de protestos desde a votação de sexta-feira, que terminou com a vitória oficial do presidente conservador Mahmoud Ahmadinejad por uma grande quantidade de votos.