- Medo assola Trípoli e Kadafi perde controle do leste da Líbia
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Governos do mundo todo se apressaram na quarta-feira para enviar aviões e navios que retirem seus cidadãos da Líbia, onde o líder Muamar Kadafi prometeu esmagar uma revolta contra seu regime de mais de quatro décadas.
Os temores pela segurança dos estrangeiros foram agravados depois que a emissora CNN-Turk informou em seu site que um trabalhador turco foi baleado e morto em uma construção perto de Trípoli, a capital.
A Turquia, que tem 25 mil cidadãos na Líbia, está preparando a maior operação de retirada da sua história, e 21 outros governos pediram ajuda de Ancara para também resgatar seus cidadãos, disse o chanceler Ahmet Davutoglu a jornalistas.
A empresa Queiroz Galvão contratou um navio para retirar cerca de 180 brasileiros, todos funcionários da companhia e seus familiares, que ficaram retidos na cidade líbia de Benghazi, de acordo com o Itamaraty. Os brasileiros serão levados para a ilha próxima de Malta.
Outros cidadãos brasileiros que estavam na capital Trípoli já estão conseguindo deixar o país de avião, acrescentou um assessor do Ministério das Relações Exteriores nesta quarta.
Governos da União Europeia estão em busca de retirar da Líbia cerca de 10 mil cidadãos do bloco, de acordo com um porta-voz do Executivo da UE.
O Departamento de Estado norte-americano disse que uma balsa fretada com 600 passageiros a bordo deixaria Trípoli com destino a Malta. Há milhares de norte-americanos vivendo na Líbia, a maioria com dupla cidadania.
Israel permitirá que 300 palestinos que estão na Líbia entrem nos territórios palestinos nos próximos dias, disse o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Testemunhas descreveram cenas de caos e pânico na tentativa de fuga dos estrangeiros prejudicados pelos distúrbios. A Itália disse considerar verossímeis os relatos de que mil pessoas já foram mortas desde o início das manifestações, na semana passada.
"O período no aeroporto se transformou em um pesadelo, brigas começaram a acontecer, todo mundo está frenético", descreveu o turco Adil Yasar, que chegou de avião a Istambul na noite de terça. Ele acrescentou que, a exemplo de outros turcos resgatados, ficou sem comida e água durante dois dias no aeroporto de Trípoli.
"Colapso"
Um passageiro que pousou em Madri nesta quarta-feira em um voo fretado da Libyan Airlines a partir de Trípoli disse que a situação era caótica. "O aeroporto entrou em colapso", disse ele.
Outro viajante, o venezuelano Carlos Dominguez, disse que a situação na capital era tensa e que as pessoas esperam por uma reação internacional mais forte. "O povo está descontente com a atitude internacional".
Cerca de 3.000 turcos que encontraram refúgio em um estádio de futebol de Benghazi, cidade onde a revolta começou, embarcaram em balsas enviadas pelo governo turco, que zarparam da Líbia escoltadas por uma fragata da Marinha turca. Dois aviões militares franceses levaram 402 cidadãos da França para Paris.
"Estamos muito felizes, acabou", disse um passageiro à Reuters no aeroporto Roissy-Charles de Gaulle, de Paris. "Foi muito de repente. Cinco dias atrás nós estávamos muito seguros. Ninguém poderia dizer que a situação iria piorar tão rápido."
A Grã-Bretanha disse que pretende enviar um avião fretado à Líbia para recolher seus cidadãos, e que está despachando uma fragata até a costa do norte da África, para o caso de necessidade.
A Alemanha pediu que todos os seus cidadãos deixem a Líbia, e a chanceler (primeira-ministra) Angela Merkel qualificou de "muito assustadoras" as palavras de Kadafi na terça-feira, quando ele prometeu num discurso pela TV que irá "morrer como mártir" e esmagar a rebelião.
Grupos contrários a Kadafi já assumiram o controle do leste do país, inclusive da cidade de Benghazi, e os distúrbios chegaram também a Trípoli, a capital, no oeste.
Holanda, Grécia, Bulgária, Ucrânia, Espanha, Itália, Japão, Rússia e Arábia Saudita também enviaram ou preparam o envio de aviões militares e civis para retirarem seus cidadãos.
Um avião militar holandês resgatou na noite de terça-feira 82 pessoas da Líbia, sendo 32 cidadãos da Holanda e 50 de outros países, inclusive Bélgica, Grã-Bretanha e Estados Unidos, disse a chancelaria holandesa na quarta-feira.
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