Evacuação
Refugiados escapam da violência
Bengazhi - A Organização Internacional para as Migrações (OIM) começou a evacuação de milhares de refugiados, principalmente egípcios, que fugiram da violência na Líbia e que se encontram bloqueados em países vizinhos, anunciou a organização ontem. A OIM afirmou que deve retirar 900 refugiados egípcios da Tunísia para seu país de origem em cinco voos especiais e outros 900 egípcios serão evacuados no dia de hoje. Também estava prevista a retirada por mar de 2 mil egípcios a partir do porto tunisiano de Djerba (leste), mas foi cancelada pelo mau tempo.
A OIM também prevê evacuar por via marítima para Alexandria milhares de egípcios bloqueados no porto líbio de Bengazhi (leste).
AFP
Recife - Um grupo de 148 brasileiros que estavam retidos na Líbia chegou no começo da noite de ontem a Recife (PE). Eles deixaram o país africano de navio e pegaram um voo para o Brasil na Grécia. Do grupo, 130 pessoas são funcionárias da Queiroz Galvão, empreiteira brasileira com projetos no país comandado por Muamar Kadafi. Os outros 18 são parentes que estavam no local. Cerca de um terço deles vive em Pernambuco. Familiares dos brasileiros aguardavam os parentes com faixas, balões e flores nos saguão do aeroporto internacional de Recife. Diretores da empresa disseram que a preocupação principal era retirar com segurança os funcionários do país e que ainda não decidiram o futuro dos trabalhos mantidos pela corporação na Líbia.
A embaixada brasileira diz que mais um brasileiro chegou a Atenas neste final de semana, vindo da Líbia em um avião militar da União Europeia. Ele deve seguir viagem para o Brasil, após receber documentos.
O enviado especial da Folha de S.Paulo a Atenas, Vaguinaldo Marinheiro, conversou com os brasileiros no desembarque em Atenas e ouviu relatos de terror, desespero, medo de não conseguir fugir e morrer.
Alívio
"A gente só começou a ficar tranquilo quando entrou no navio. Foram dias de horror. Havia tiro e bombas para todo lado. No caminho para o porto, tivemos de passar por barreiras. Quando você vê meninos de 14 anos com facas na cintura e AK-47 nas mãos, não dá para se sentir seguro", afirma Roberto Roche, gerente de segurança da empreiteira Queiroz Galvão. Ele estava no país havia três anos, com a mulher e dois filhos uma adolescente de 16 e um menino de 5.
"Depois do que a gente passou, ficar dois dias no navio não foi nada", afirmou Jaqueline Siqueira, que está grávida de quatro meses.