O grupo islamita Frente Al Nusra anunciou nesta quarta-feira (24) que não respeitará o cessar-fogo temporário proposto pelo mediador internacional Lakhdar Brahimi, que deveria começar nesta sexta-feira com o início da Festa muçulmana do Sacrifício.
"Não há trégua entre nós e esse regime descarado, "derramador" de sangue de muçulmano e violador de sua honra. Entre nós e ele, só existe uma espada", ressaltou o grupo tido como terrorista por parte do regime de Damasco em comunicado.
Nos últimos meses, a Frente Al Nusra, que surgiu durante o conflito sírio, assumiu a autoria de inúmeros atentados suicidas cometidos em Damasco e na cidade nortista de Aleppo. Na nota, o grupo extremista afirmou que está decidido desde que começou suas operações a derrotar seus inimigos, evitando qualquer tipo de negociação com seus "inimigos".
"Nós vemos que estes prazos e tréguas que se produzem sucessivamente fazem parte de uma estratégia na qual estão envolvidos gente do Oriente (em alusão a alguns países árabes) e Ocidente que são inimigos do Islã. Mas, nós não vamos deixar que esse astuto nos engane e também não aceitamos jogos sujos", declarou o grupo.
As anteriores tréguas decretadas na Síria - incluindo a proposta do ex-mediador Kofi Annan, que foi aceita por ambas as partes em conflito no último mês de abril -, foram violadas de forma sistemática.
Em relação ao Brahimi, a Frente Al Nusra criticou seu trabalho ao alegar que desde que ele assumiu a mediação na Síria "vários dis se passaram sem que ninguém percebesse sua função". "Ele não trouxe nenhuma promessa, já que negou ter um plano para pôr fim ao derramamento de sangue", denunciou o grupo, que assinalou, além disso, que a iniciativa de trégua durante a Festa de Sacrifício é como "uma súplica" ao regime sírio.
Segundo o grupo opositor, Brahimi deve ter consciência de que os grupos armados e não armados da oposição síria não confiam no eventual compromisso deste "regime tirano", que, segundo a Frente Al Nusra, "não possui nenhuma credibilidade".
"As tréguas são aproveitadas pelos fortes para conseguir lucro a custo dos fracos (...), que somente depois percebem que caíram em uma armadilha", completou o grupo. Nesta quarta-feira, Brahimi assegurou que o governo sírio já aceitou esse cessar-fogo temporário, assim como a maioria dos grupos rebeldes, embora ambas as partes envolvidas ainda não se pronunciaram a respeito. Segundo o mediador, esse anúncio por parte de Damasco deverá ser feito amanhã.