Caracas - O Instituto Nacional de Terras (Inti) da Venezuela e a Guarda Nacional ocuparam nos últimos dias pelo menos 31 propriedades agrícolas situadas em diversos estados, entre elas a fazenda de um líder da oposição, Manuel Rosales, atualmente exilado no Peru.
De acordo com o ministro da Agricultura, Elías Jaua, estas ações fazem parte de uma política de recuperação de terras "ociosas ou cujo título de propriedade não cumpre os requisitos exigidos.
Jaua reportou intervenções em 16 propriedades na parte sul do Lago de Maracaibo (oeste), nos estados de Zulia, Mérida, Trujillo e Táchira, de um total de quase 20 mil hectares. No estado de Guárico (centro), foram confiscadas nove propriedades, e em Barinas (centro-oeste), pelo menos seis.
Em Zulia, estão sendo estudados os títulos de propriedade de outras 12 propriedades.
"Estamos agindo dentro da lei. Ninguém, por mais líder da oposição ou do governo que seja, poderá se proteger em sua posição de líder político para infringir as leis da República, afirmou.
Segundo o governador opositor de Zulia, Pablo Pérez, a fazenda La Milagrosa, propriedade de Manuel Rosales, foi ocupada no domingo pela Guarda Nacional em um ato que o político chamou de "assalto.
Segundo o jornal venezuelano El Nacional, um dos advogados de Rosales, Ney Molero, descreveu ontem a iniciativa do governo como um "confisco.
"É um roubo comum. A Constituição e as leis preveem que para haver uma expropriação deve haver um julgamento e um pagamento prévios. Aqui tiram a sua propriedade sem qualquer julgamento anterior.
Em Guárico, o proprietário de uma das fazendas confiscadas garantiu que seu terreno não estava improdutivo.
"Temos gado de carne, temos plantação de milho. Ali são produzidos mais de 50 milhões de sacos de farinha de pão para os venezuelanos todos os anos, disse à imprensa local Blas Pérez.
Desde 1999, quando Chávez assumiu a Presidência da Venezuela, estima-se que o governo já tenha confiscado cerca de 2,5 milhões de hectares de terras.