O Ministério da Saúde do Iraque informou nesta sexta-feira que, desde a invasão liderada pelos americanos em março de 2003,150 mil pessoas morreram. A divulgação se dá no mesmo dia em que o líder da Al-Qaeda no Iraque chama Donald Rumsfeld, indiretamente, de covarde e ameaça explodir a Casa Branca.
O número de mortos divulgado é cerca de três vezes maior do que a estimativa da ONG Iraq Body Count, uma aliança de ativistas e acadêmicos que tentar rastrear o número de vítimas fatais da ocupação americana, e quatro vezes menor do que os 650 mil mortos estimados por médicos americanos em estudo publicado pela prestigiada revista britânica de medicina "The Lancet".Este é um dos desafios que esperam o novo secretário de Defesa dos Estados Unidos.
O número oficial foi comunicado na quinta-feira pelo ministro da Saúde, Ali Al-Shamaro, a repórteres na capital da Áustria, e confirmada nesta sexta-feira por um porta-voz do ministério em Bagdá.
- Estas pessoas foram vítimas de atos terroristas, de combates e de assassinatos - disse o porta-voz. - Entre 75 e 80 pessoas morrem em média diariamente no Iraque - disse ele, referindo-se à violência sectária. - Estabelecemos estatísticas diárias, as quais enviamos a um departamento especializado do ministério, atualizamos os números todos os meses e fazemos um novo balanço a cada seis meses.
O estudo americano que levantou o número de 650 mil vítimas foi feito por médicos da universidade americana Johns Hopkins e da escola de medicina Al-Mustansiriya, em Bagdá. O número foi fechado em julho deste ano. O estudo foi criticado por causa do timing da publicação, às vésperas das eleições americanas. Em outubro de 2004, também antes de uma eleição nos Estados Unidos, o número estimado pelos mesmos acadêmicos era de cem mil vítimas civis.
Nesta sexta-feira, os Estados Unidos anunciaram que mais três soldados americanos morreram no Iraque, em dois incidentes separados. Em Kirkuk, uma bomba num acostamento explodiu perto de uma patrulha do exército iraquiano, ferindo dois soldados. Em Diwaniya, um ex-membro do partido de Saddam Hussein foi assassinado. Em Mosul, foi encontrado o corpo de um homem que contém sinais de tortura.
Al-Qaeda no Iraque comenta saída de Rumsfeld
Num dos blogs de pregação que habitualmente usa, o Conselho Consultivo dos Guerreiros, guarda-chuva de organizações insurgentes sunitas no Iraque, divulgou nesta sexta-feira mensagem de Abu Hamza Al-Muhair, o líder da Al-Qaeda no Iraque, em que ele diz:
- Digo ao incapaz governo americano para não sair correndo para fugir como fez seu ministro da defesa. Continue no campo de batalha.
Al-Muhajir disse também que seu grupo tem 12 mil guerreiros armados e dez mil outros esperando para ser equipados para lutar.
Ele disse também que quer explodir a Casa Branca.
- Anunciamos hoje o final de uma fase da guerra santa e o começo de uma nova, para inaugurar o projeto de um califado islâmico e restaurar a glória do Islã. Juramos que não descansaremos em nossa guerra, até explodir a casa mais sórdida, chamada de Casa Branca.
Já um importante líder sunita disse a um canal de TV que não acredita que o problema da violência se deva exclusivamente às tropas de ocupação.