O Hamas pediu na sexta-feira ao Ocidente que aceite o novo governo palestino de unidade nacional, mas dirigentes afirmaram que o grupo islâmico jamais vai reconhecer o direito de Israel à existência nem cumprir os acordos de paz pré-existentes.
O Hamas e a Fatah, facções que há meses travavam uma disputa de poder que desde dezembro matou 90 pessoas, firmaram na quinta-feira um acordo para dividir o governo. Com o acordo os dois grupos esperam conseguir o fim da violência interna e das sanções impostas por Estados Unidos e Europa contra o atual governo, controlado pelo Hamas.
Autoridades israelenses disseram que a nova coalizão não atende às condições necessárias para o fim das sanções. EUA e Europa ainda não se manifestaram explicitamente, enquanto a Rússia propôs a retomada da ajuda direta ao governo palestino.
``O futuro do governo nacional palestino será um fator importante no processo de ressuscitar as negociações israelo-palestinas'', disse nota da chancelaria russa. ``A implementação dos acordos de Meca deve ser combinada com a suspensão de um bloqueio aos territórios palestinos que inflige sofrimento e dificuldades às pessoas.''
Ghazi Hamad, porta-voz do governo do Hamas, disse à Reuters que os mediadores sauditas estão em contato com norte-americanos e europeus para promover o acordo. ``Eles (Ocidente) não podem ignorar este acordo e impor suas próprias condições'', disse ele. ``A União Européia deve abrir um diálogo com este novo governo, e esta é a única forma de ter estabilidade na região.''
Nizar Rayyan, dirigente do Hamas em Gaza, elogiou o acordo alcançado em Meca, mas disse que o grupo islâmico não gostou de ver o presidente Mahmoud Abbas, da Fatah, pedir ao primeiro-ministro Ismail Haniyeh, do Hamas, que cumpra os acordos de paz pré-existentes.
``Nunca vamos reconhecer Israel. Não há nada chamado Israel'', disse ele à Reuters. ``Nós do movimento Hamas não vamos cumprir nada'', afirmou Rayyan.
``O reconhecimento não é uma opção, não é discutível'', ecoou Ismail Rudwan, porta-voz do Hamas. Não ficou claro se eles manifestavam opiniões pessoais ou falavam em nome do grupo.
Para que as sanções sejam suspensas, o chamado Quarteto de negociadores do Oriente Médio -EUA, Rússia, União Européia e ONU- exige que o governo palestino reconheça a existência de Israel, respeite os acordos da década de 1990 e abandone a violência.
O acordo de Meca não faz referência ao reconhecimento de Israel, e os acordos pré-existentes só aparecem na carta em que Abbas, reconduzindo Haniyeh ao cargo, diz que haverá ``respeito'' a eles -mas não compromisso nem obediência.
A chancelaria russa disse que os representantes do Quarteto voltam a se reunir no dia 21 em Berlim.
Fontes do governo israelense disseram que o país não considera que as condições para o fim das sanções tenham sido atendidas. Uma posição oficial deve sair da reunião ministerial de domingo.
A Casa Branca pediu mais tempo para analisar o resultado das negociações de Meca, enquanto a União Européia prometeu estudá-lo ``de maneira positiva, mas cautelosa''. A França pediu à comunidade internacional que apóie o novo governo, e a Grã-Bretanha qualificou o acordo de ``interessante''.
Mas Nabil Amr, assessor de Abbas, disse à Reuters não esperar que o acordo leve ao fim das sanções, e sim ``que pavimente o caminho'' para isso. ``Precisávamos de um acordo depois da pressão dos dias negros''. afirmou, referindo-se à recente violência.
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