A economia britânica pode enfrentar uma desaceleração devido à incerteza causada pela decisão do Reino Unido de sair da União Europeia, disse o ministro das Finanças do governo, Philip Hammond, neste domingo (20). O governo conservador está enfrentando a pressão de dezenas de seus próprios legisladores para fazer uma ruptura decisiva com a UE, enquanto um importante grupo empresarial do país insistiu que o Reino Unido deve manter o acesso aos mercados e à mão-de-obra do bloco.
“Teremos um nível de incerteza sem precedentes, e esse é um dos fatores que leva muitos comentaristas a prever que haverá uma desaceleração do crescimento econômico”, disse o ministro. Hammond, que vai revelar o primeiro plano de gastos do governo desde o referendo de junho, em uma declaração sobre o orçamento na quarta-feira (23), disse à rede de televisão ITV que “não adianta lamentar” a incerteza. “Temos apenas que planejar como acomodá-la”, disse.
O governo da primeira-ministra Theresa May disse que planeja marcar o começo dos dois anos de negociações formais de saída com a UE até 31 de março, mas insiste que seria tolice abandonar a sua posição de negociação antes disso. A incerteza ajudou a alimentar o nervosismo sobre a economia e reduziu o valor da libra, em meio a alegações de que o governo está profundamente dividido sobre como abordar a saída do Reino Unido na UE.
Polarização
Esta semana, o Instituto para o Governo, um grupo de estudo não partidário, disse que a “falta de clareza” dentro do governo “causou distrações e atraso nos trabalhos sobre o Brexit”.A UE tem sido uma questão de divisão para os conservadores, e Theresa se vê entre os políticos que desejam que ela desacelere o ritmo de saída do bloco e os que querem que ela se apresse e prepare uma saída decisiva.
Aproximadamente 60 legisladores conservadores pediram à primeira-ministra para tirar o Reino Unido da união aduaneira da UE, que garante o comércio livre no interior do bloco, mas impõe taxas sobre as mercadorias do exterior. Eles também querem uma garantia de que o Reino Unido não permanecerá no Espaço Econômico Europeu, que permite que países não membros da UE, como a Islândia e a Noruega, tenham acesso ao mercado único do bloco. Os legisladores, que apoiam o que ficou conhecido como “Brexit duro”, incluem os ex-ministros de gabinete Michael Gove e Iain Duncan Smith.
Os líderes da UE insistem que o Reino Unido terá de abandonar o mercado único se decidir impor controles à imigração de países da UE. Muitas empresas, no entanto, dizem que perder o acesso ao mercado único seria devastador, especialmente para os serviços bancários e financeiros britânicos. A Confederação da Indústria Britânica disse que as empresas locais precisam de garantias de que o governo não pretende cortar o contato com a UE.
“Os negócios precisam saber que não vamos fechar nossas fronteiras para o talento da Europa ou perder o nosso acesso privilegiado aos mercados europeus”, disse o presidente da confederação, Paul Drechsler, em comentários publicados antes de um discurso na segunda-feira (14).
Hammond disse não acreditar que o Reino Unido enfrente uma “escolha binária” entre deixar as estruturas existentes na UE e permanecer no bloco, mas pode “negociar um acordo personalizado que funcione para o Reino Unido e para os nossos parceiros europeus”. Ele pediu aos conservadores calma e que deixem a primeira-ministra liderar as conversas de saída da UE.
“Quero garantir que Theresa May participe nessas negociações com todas as cartas na mão, com a máxima flexibilidade de negociação, para que ela possa atuar para o benefício máximo do Reino Unido”, disse Hammond à BBC.
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