Um dia após ter sido desconvidado pela ONU de uma conferência de paz sobre a Síria, o Irã reagiu nesta terça-feira (21) com irritação e exigiu explicações do secretário-geral da organização, Ban Ki Moon, pela reviravolta.

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"Do nosso ponto de vista, esta retirada [do convite] é deplorável", disse Marzieh Afkham, porta-voz da Chancelaria iraniana, na véspera da conferência, que reunirá na Suíça rebeldes sírios e representantes do governo de Bashar al-Assad.

Afkham acusou Ban de ter agido "sob pressão" e afirmou que o Irã irá cobrar que ele revele as "verdadeiras razões" do cancelamento. Na noite de domingo, Ban anunciou que o Irã estava entre os convidados do encontro, que começa amanhã em Montreux e se estende até o fim de semana em Genebra.

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Diante do apoio militar, político e financeiro que fornece ao governo de Assad, o Irã é considerado por muitos analistas e diplomatas um ator incontornável do conflito sírio.

Mas o convite ao Irã enfureceu rebeldes sírios, que ameaçaram boicotar o encontro. Os EUA, copatrocinadores do encontro ao lado da Rússia, também rejeitaram a participação iraniana. Na noite de ontem, 24 horas após o anúncio público do convite, um porta-voz de Ban anunciou que Teerã estava fora da conferência.

A razão alegada pela ONU foi que o Irã não se comprometeu publicamente a endossar um plano de paz, discutido em 2012, em Genebra, que visa pavimentar o caminho rumo a um governo de transição na Síria.

O plano, que havia fracassado devido a divergências de interpretação entre as potências mundiais, foi ressuscitado e servirá de base para as próximas conversas. O papel do Irã no conflito sírio sempre gerou controvérsia.

O primeiro emissário da ONU para o conflito sírio, o ex-secretário-geral da organização Koffi Annan, renunciou ao cargo, entre outras razões, porque os EUA se opunham à ideia de incluir Teerã nas negociações.

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Annan alegava que não há solução negociada sem o Irã, já que os iranianos exercem forte influência sobre Assad. O sucessor de Annan e atual emissário Lakhdar Brahimi também defendeu a participação iraniana, assim como a Rússia.

Prevalece, porém, a posição das potências ocidentais, também defendida pela Turquia e pelas monarquias árabes.

Guerra sectária

O Irã, epicentro do islã xiita, apoia o regime de Assad, adepto de uma vertente mística do xiismo, como forma de se contrapor à influência geopolítica ocidental no Oriente Médio.

O território sírio se tornou palco de uma guerra por procuração entre grupos armados xiitas apoiados pelo Irã, como o libanês Hizbullah, e facções sunitas, algumas das quais são ligadas à Al Qaeda, bancadas por países árabes.

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Iniciada há três anos no rastro das revoltas árabes, a guerra síria já deixou mais de 130 mil mortos, segundo a ONU.