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Autoridades iranianas acusaram neste domingo "terroristas" pelos conflitos no país em que ao menos 10 pessoas foram mortas e o presidente, Mahmoud Ahmadinejad, disse que os Estados Unidos e a Inglaterra não devem se interferir nos protestos gerados por sua reeleição.

O canal de televisão estatal do Irã disse que 10 pessoas foram mortas e que 100 outras foram feridas nos protestos que aconteceram em Teerã no sábado em desafio a uma ameaça do líder supremo aiatolá Ali Khamenei. Outros relatos dizem que 13 pessoas morreram.

O canal estatal informou que em meio a violência "vândalos" puseram fogo a uma mesquita.

"Nos protestos que culminaram com os conflitos, 10 pessoas foram mortas e outras 100 feridas", segundo a emissora. "A presença de terroristas ... nos eventos de ontem nas avenidas Enghelab e Azadi é tangível."

A linguagem dura sugere que as autoridades podem estar preparando uma onda de repressão para colocar fim a mais de uma semana de protestos.

A eleição de 12 de junho deu a Ahmadiinejad uma vitória esmagadora. Contudo, questões sobre a veracidade dos números da eleição desataram os maiores protestos no país desde a Revolução Islâmica, que derrubou o Xá apoiado pelos EUA.

O líder oposicionista Mirhossen Mousavi, que ficou em segundo e cujos seguidores têm liderado os protestos, diz que houve fraude eleitoral e que a eleição deve ser anulada.

O canal estatal pediu que os iranianos se unam e disse que somente os Estados Unidos ganhariam com os protestos e que Ahmadinejad acusou Washington e Londres de interferir nas questões internas do Irã.

"Definitivamente não será com afirmações apressadas que se é incluído no círculo de amizades da nação iraniana. Portanto, aconcelho-os a corrigir suas posições de interferência", disse Ahmadinejad numa reunião com clérigos e sábios do país, de acordo com a agência estatal de notícias do Irã, a AENI.

A afirmação foi direcionada ao presidente dos EUA, Barack Obama, e ao primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, disse a AENI.

Obama está à frente de um esforço diplomático para conter o programa nuclear iraniano. Países ocidentais temem que o programa permitirá ao Irã criar armas atômicas e pediu a Teerã no sábado que parasse "todas as ações injustas e violentas contra seu próprio povo".

"O governo iraniano precisa entender que o mundo está observando. Nós lamentamos cada vida inocente que se perde", disse Obama num comunicado.

O secretário das relações exteriores da Inglaterra David Miliband rejeitou a acusação de interferência. "O Reino Unido é categórico na afirmação de que o povo iraniano deve escolher seu governo", disse ele.

PRISÕES

Em Paris, o presidente do banco central europeu, Jean-Claude Trichet,disse que as tensões no Irã aumentaram os riscos que a economia mundial enfrenta e destacou a necessidade de se fortalecer o sistema financeiro mundial.

"Qualquer tensão geo-estratégica adicional é obviamente um risco extra para a economia internacional", disse ele à rádio Europa 1. "Temos de conviver com esses riscos e reforçar a solidez da economia internacional, reforçar a solidez das finanças internacionais ...", disse ele.

Não havia relatos de protestos nas ruas no domingo. Restrições do governo impedem correspondentes que trabalham para a mídia estrangeira de assistir às manifestações.

O canal estatal anunciou que membros da Organização Mujahedin Khalq (OMK), um grupo oposicionista exilado e acusado de "atividades terroristas", inclusive atear fogo a ônibus e destruir propriedade pública, foram presos.

Tropas de choque foram enviadas para conter os protestos no sábado. Eles usaram bombas de gás lacrimogêneo e canhões de água para dispersar grupos de centenas de iranianos que estavam se reunindo pela cidade.

No sábado, Mousavi disse que a República Islâmica precisa livrar-se das "mentiras e desvios" e disse aos manifestantes que está pronto "para tornar-se um mártir", de acordo com um aliado seu. Mas ele afirmou que não está buscado confronto com as autoridades.

"Não somos contra o sistema islâmico e suas leis, mas contra as mentiras e desvios e apenas queremos reformá-lo", disse ele em seu site.

Mousavi disse que se as autoridades se recusarem a permitir protestos pacíficos eles teriam de enfrentar as "conseqüências" --aparentemente uma resposta ao aviso de Khamenei de que líderes oposicionistas seriam responsabilizados por mortes por causa dos protestos.

As autoridades iranianas rejeitam as acusações de fraude eleitoral.

Mas a autoridade máxima do legislativo do país afirmou que está pronta para recontar 10 por cento dos votos recolhidos aleatoriamente para responder às reclamações de Mousavi e de dois outros candidatos.

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