O Irã, diante de sanções cada vez mais duras que afetam as exportações de petróleo vitais para sua economia, disse às potências mundiais que deseja retomar em breve as conversas interrompidas há bastante tempo, mas foi vago se está disposto a falar sobre as preocupações com sua atividade nuclear, como insistem as potências. Teerã fez a oferta em uma carta para a chefe da política externa da União Europeia, Catherine Ashton, obtida pela Reuters nesta quinta-feira (16), um dia depois de o Irã anunciar vários avanços em seu conhecimento nuclear e provocar uma alto no preço do petróleo ao sugerir represálias econômicas, no que pode ter sido uma medida para obter vantagem antes de novas negociações. O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, prometeu na quarta-feira não sair do caminho de desenvolvimento nuclear, mas então a televisão estatal anunciou a proposta de novas conversas depois de um intervalo de um ano - sinais misturados que dificultam adivinhar as intenções de Teerã. A carta do negociador-chefe iraniano, Saeed Jalili, dizia que ele teria "novas iniciativas", mas não as detalhou. Ele fez uma referência separada para a "questão nuclear do Irã", sem dizer se Teerã estava preparando para negociá-la. Sua carta foi uma resposta a uma outra enviada por Catherine Ashton em outubro, na qual a chefe da política externa da União Europeia dizia que as grandes potências poderiam se reunir com o Irã em semanas se o país estivesse pronto para "se engajar seriamente em discussões significativas" e encarasse as preocupações sobre sua busca nuclear.
Comunicado Jalili disse ter recebido bem um comunicado anterior de Ashton respeitando o direito do Irã de usar de forma pacífica a energia nuclear. "Sem dúvida que, ao se comprometer com essa abordagem, nossas conversas por cooperação, baseadas em princípios passo-a-passo e reciprocidade sobre a questão nuclear do Irã, poderiam ser iniciadas", dizia a carta escrita em inglês e obtida pela Reuters. "Uma atitude construtiva e positiva em direção às novas iniciativas da República Islâmica do Irã nessa rodada de conversas poderia abrir uma perspectiva positiva sobre nossa negociação", disse Jalili. "Portanto... proponho a retomada de nossas conversas a fim de tomar medidas fundamentais para a cooperação sustentável no mais curto prazo possível em um local e em uma data mutuamente acordados". Jalili acrescentou que o diálogo deveria se concentrar "em um espectro de várias questões que podem fornecer terreno para a cooperação construtiva e progressiva".
Agenda Sua mensagem lembrava a agenda do Irã em conversas anteriores que foram abandonadas, lançando ideias indefinidas para segurança e cooperação comercial enquanto evita discutir medidas exigidas pelas potências mundiais para garantir que seu programa nuclear seja de natureza pacífica e transparente para a agência atômica da Organização das Nações Unidas. Uma porta-voz de Ashton confirmou o recebimento da carta na quarta-feira, dizendo que ela estava sendo avaliada e que Ashton faria consultas com as seis potências sobre uma resposta. A Casa Branca sugeriu cautela nesta quinta-feira, mas repetiu que havia "tempo e espaço" para a diplomacia resolver as tensões entre Teerã e o Ocidente. "Estamos avaliando a carta", afirmou o secretário de imprensa da Casa Branca, Jay Carney. "Os iranianos precisavam responder àquela carta (das potências ocidentais) e assim o f izeram , mas não quero fazer nenhum julgamento qualitativo sobre a resposta iraniana neste momento", ele disse a repórteres a bordo do avião Air Force One, durante viagem com o presidente norte-americano, Barack Obama.
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