O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, pediu ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que abra um inquérito sobre os objetivos das ações militares no Afeganistão e no Iraque.

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Em carta divulgada na segunda-feira, ele afirmou que os métodos usados pelos EUA e a Otan para lidar com o terrorismo na região fracassaram, e que cabe a Ban realizar uma investigação e apresentar seus resultados aos 192 países da Assembleia Geral.

Ahmadinejad disse que, por causa da presença ocidental, "alguns milhões de pessoas" resultaram mortas, feridas ou desabrigadas, que o cultivo ilícito da papoula (matéria-prima do ópio) aumentou, e que "os povos da nossa região continuam vivendo sob a sombra da ameaça".

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"Enfatizamos reiteradamente que a resolução dos problemas em nossa região não precisa de expedições ou ações militares de larga escala", acrescentou o presidente do Irã, país que faz fronteira com o Iraque e o Afeganistão - que por sua vez estão sob ocupação dos EUA desde 2003 e 2001, respectivamente.

"Excelência, ao menos se espera que o sr. nomeie uma equipe independente de averiguação de fatos, que goze da confiança dos países da região, para lançar uma investigação abrangente sobre as principais intenções da presença militar da Otan no Afeganistão e no Iraque, os métodos usados, e o resultado da sua presença e envolvimento", diz a carta.

A imprensa iraniana disse que Ahmadinejad pediu também uma investigação sobre os atentados de 11 de setembro de 2001 contra os EUA, mas o texto distribuído à imprensa pela legação do Irã na ONU, em Nova York, não menciona o assunto.

Um porta-voz de Ban disse que ele está estudando a carta.

Não ficou claro o que motivou a carta, que começa saudando Ban por ocasião da festividade do Norwuz, celebrada em 21 de março no Irã e países vizinhos.

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A chancelaria iraniana disse no domingo que Teerã vai se queixar à ONU contra o que vê como uma ameaça de ataque nuclear por parte do governo norte-americano. Na semana passada, o presidente dos EUA, Barack Obama, divulgou uma revisão da doutrina nuclear segundo a qual os EUA só usarão suas armas nucleares contra países que violarem seus compromissos perante o regime de não-proliferação -- acusação que Washington tem imputado a Teerã.

A carta de Ahmadinejad a Ban não cita a questão nuclear, mas foi citada em nota do embaixador iraniano na ONU, Mohamad Khazaeee, a um comitê da Assembleia Geral. Nessa nota, emitida na segunda-feira, o diplomata afirmava que a nova política nuclear dos EUA é uma forma de "terrorismo de Estado".

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