Manifestações contra a execução de Sakineh Ashtiani se espalham por cidades europeias| Foto: Divulgação/Comitê Icas

Apedrejamento

Mais 25 aguardam execução

Além de Sakineh Mohammadi Ashtiani, de 43 anos, condenada à morte acusada de adultério e por supostamente conspirar para o homicídio do marido, outras 25 pessoas, entre homens e mulheres, aguardam pena de morte por apedrejamento no Irã, segundo o Comitê Internacional Contra Apedrejamento, ONG que monitora execuções desse tipo na República Islâmica.

O apedrejamento está previsto na lei islâmica, a Sharia, para punir tanto mulheres como homens adúlteros e homossexuais. Alguns países muçulmanos, como o Irã, o Sudão e a Nigéria instituíram esta visão radical do Islã em seu sistema judicial. A prática resiste também no Afeganistão e no Paquistão, que já aboliram esta pena.

A pena de morte por apedrejamento voltou a ser imposta no Irã após a Revolução Iraniana de 1979, quando o país passou a ter um regime teocrático islâmico. Desde então, 109 pessoas morreram apedrejadas.

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Genebra - Sessões de tortura e isolamento levaram a iraniana Sakineh Mo­­hammadi Ashtiani, sentenciada à morte por apedrejamento, a confessar adultério e participação no assassinato de seu marido, segundo a Anistia Interna­­cio­­nal e seu novo advogado, Ja­­vid Kian.

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Sakineh, detida na penitenciária central de Tabriz, confessou ontem os dois crimes diante dos filhos, observada de perto por policiais. O mais jovem, Sajad, se desesperou após a confissão, um sinal de que a execução é iminente. Na noite de quarta-feira, a tevê estatal iraniana transmitiu uma entrevista na qual Sakineh admitia ter ajudado a assassinar seu marido.

"Ela nos repetiu que foi ela quem matou nosso pai e que cometeu adultério. Mas os gestos corporais dela eram de alguém que não acreditava em uma só palavra do que estava dizendo", contou Sajad. "Víamos nos olhos dela que ela queria nos dizer para não acreditarmos no que estava dizendo", acrescentou. A conversa durou dez minutos e a família esteve separada por um vidro.

A Anistia Internacional de­­nunciou o governo iraniano por ter "orquestrado a confissão" pa­­ra agora usá-la na Corte Suprema, o que seria "uma prática do regime iraniano". O tribunal deve se reunir no fim de semana para de­­cidir o caso e determinar a pena. A entidade apela para que essas declarações não sejam usadas como prova. A Anistia acrescenta que as denúncias de tortura são frequentes no regime iraniano.

Fontes próximas ao processo disseram que, se a execução for determinada, a Justiça deve esperar até o final do Ramad㠖 início de setembro – para cumprir a ordem da corte.

Sajad afirmou que sua mãe está "muito assustada". "Foi torturada fisicamente", disse. "Meu irmão chorou a noite toda após ver a tevê. Obviamente não acreditamos nessa versão. Mas sabemos que, ao ser obrigada a dizer isso, está nos indicando que será executada", disse Sajad.

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Há dez dias o advogado submeteu um documento de 35 páginas apelando para a revisão do caso. A iraniana foi condenada em 2006 por adultério e recebeu a pena de 99 chibatadas. Seu caso foi reaberto e ela foi condenada à morte por apedrejamento.

"Ela foi espancada e levou golpes muito violentos", disse seu advogado. A iraniana estava sendo defendida pelo ativista Mo­­hammed Mostafaei, obrigado a fugir para a Noruega diante da pressão do governo.