Homem inspeciona danos a túnel de contrabando bombardeado ontem em Rafah, na fronteira da Faixa de Gaza com o Egito| Foto: Said Khatib/AFP

Oslo - Israel afirmou aos EUA que o bloqueio imposto à Faixa de Gaza visava colocar o território palestino à "beira de um colapso", sem no entanto permitir que a economia local fosse arruinada.

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O documento é um relato da embaixada dos Estados Unidos em Tel-Aviv, datado de 3 de novembro de 2008, e integra os mais de 250 mil despachos da diplomacia americana obtidos pelo Wiki­­Leaks. Ele foi revelado ontem pelo jornal norueguês Aftenposten, que diz ter tido acesso a todo o material.

No telegrama, diplomatas ame­­ricanos relatam que o governo is­­raelense disse "em múltiplas ocasiões" ter intenção de manter a economia do território "operando ao nível mais baixo possível pa­­ra evitar uma crise humanitária".

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O governo israelense não co­­mentou o vazamento. Já o Hamas disse que o despacho é "outra prova dos crimes que a ocupação [is­­raelense] impõe ao nosso povo".

O bloqueio foi imposto em 2007, após conflito entre as forças palestinas que resultou na expulsão do partido laico Fatah de Gaza. Desde então, Gaza é governada pe­­­­lo grupo radical islâmico Ha­­mas.

O bloqueio fracassou em retirar o Hamas do poder, mas teve graves consequências para a economia local.

O desemprego em Gaza foi de 35% no ano passado, um dos mais altos do mundo.

No fim de 2008, Israel promoveu avassaladora ofensiva contra o território, alegando necessidade de conter o disparo de foguetes contra seu território. Em quase um mês de ações, mais de 1.400 pa­­lestinos foram mortos.

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Atualmente, estima-se que até 60% do 1,5 milhão de habitantes se encontrem abaixo da linha de pobreza e cerca de 80% necessitem de ajuda humanitária.

Em 2010, Israel anunciou um relaxamento no bloqueio após so­­frer intensa pressão externa pelo ataque, em maio, contra uma frota humanitária que se dirigia a Gaza, em que nove pessoas morreram.

Israel diz que a limitação das exportações de Gaza são justificadas por vários incidentes nos quais militantes palestinos se ocultaram ou esconderam armas em caixotes transportados para o território israelense.

Mas Israel continua a restringir os bens de "uso duplo" que pos­­sam ser usados tanto para fins mi­­litares quanto civis e permite apenas a entrada de quantidades li­­mitadas de materiais de construção para projetos gerenciados por organizações internacionais.

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