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Trégua abalada

Israel volta a ser alvejado por foguetes da Faixa de Gaza

Raed al-Athamna observa as ruinas de sua casa que foi destruída em Gaza. Ataques foram retomados em represália a morte de soldado israelense | Mohammed Salem / Reuters
Raed al-Athamna observa as ruinas de sua casa que foi destruída em Gaza. Ataques foram retomados em represália a morte de soldado israelense (Foto: Mohammed Salem / Reuters)

Um foguete foi disparado na noite desta quarta-feira (28) da Faixa de Gaza em direção ao sul de Israel, revelou um agente policial israelense. "Um foguete foi lançado em direção ao Ofakim, no sul de Israel. Ainda não encontramos o artefato, que caiu aparentemente em um descampado", declarou Micky Rosenfeld.

Esse novo disparo de foguete, da Faixa de Gaza, ocorre depois de outros contratempos ao cessar-fogo. Durante o dia, o movimento radical islamita Hamas, que controla a Faixa de Gaza, assumiu três disparos de morteiro sobre uma unidade israelense, que fazia uma operação no centro do território.

Algumas horas antes, aviões israelenses tinham bombardeado os túneis clandestinos que unem o sul de Gaza ao Egito, em resposta ao ataque anti-israelense. O Exército israelense havia lançado bombardeios de represálias, matando um palestino.

Túneis

Supostos contrabandistas palestinos voltaram nesta quarta-feira (28) a trabalhar no reparo dos seus túneis entre Egito e Faixa de Gaza, horas depois de um bombardeio israelense que tinha a intenção de destruí-los.

"Eles jogaram duas ou três bombas. Mas, olhe, todo mundo ainda está trabalhando", disse um escavador que se identificou com o apelido de Abu Ali e disse ter 30 anos.

Israel já havia bombardeado duramente esses túneis durante a recente ofensiva de 22 dias, já que a rede subterrânea sob a fronteira é usada pelo grupo islâmico Hamas para se abastecer de armas. Por causa do bloqueio israelense, os túneis servem também para o tráfego de alimentos e outros produtos, tornando-se essenciais para os 1,5 milhão de habitantes da região.

Nesta terça-feira, depois de 10 dias de trégua na Faixa de Gaza, Israel voltou a bombardear os túneis, em resposta a uma explosão provocada por militantes palestinos matou um soldado israelense, em uma outra zona de fronteira. Não ficou claro se a bomba palestina foi plantada antes ou depois do cessar-fogo.

O gabinete de segurança de Israel deve decidir ainda nesta quarta até que ponto deve ser a resposta militar às novas ações do Hamas.

Quem vê as volumosas escavadeiras amarelo-berrante trabalhando no chamado Corredor Philadelphi, que separa a Faixa de Gaza da península do Sinai (Egito), não imagina que haja algo de clandestino nessa atividade. A apenas 50 metros dali, guardas egípcios assistem a tudo.

"Estou assustado porque tenho de trabalhar. Que mais posso fazer? Esse é o único emprego", disse Mohammed, 17 anos, acrescentando que pretende usar o túnel onde trabalha para trazer roupas para Gaza.

Muitos desses túneis contam com sistemas sofisticados e parecem ter resistido intactos às três semanas de bombardeios.

O Egito, que em geral mantém fechado o acesso fronteiriço oficial, em Rafah, aceitou realizar uma ação contra o contrabando, com assistência técnica internacional, mas ainda não há um plano definido para isso.

O combate internacional ao contrabando de armas para o Hamas em Gaza foi uma das principais exigências de Israel para declarar uma trégua. Já o Hamas exige que Israel suspenda o bloqueio econômico em vigor desde 2007, quando o grupo islâmico expulsou as forças da facção laica Fatah do território.

Enviado de ObamaGeorge Mitchell, enviado do presidente dos EUA, Barack Obama, à região, chegou a Israel nesta quarta e planeja se reunir com líderes israelenses e falar com o presidente palestino, Mahmoud Abbas, nesta quinta-feira.

A visita de Mitchell coincide com um pedido de Obama para a retomada das negociações de paz entre israelenses e palestinos.

Em Jerusalém, Mitchell encontrou-se com o presidente de Israel, Shimon Peres, e deve falar com o premiê, Ehud Olmert, e com militares.

Fontes do Ministério da Defesa de Israel disseram que o ministro Ehud Barak cancelou visita aos EUA por conta da situação em Gaza.

Diplomatas ocidentais disseram que não se reunirão com representantes do Hamas, grupo que comanda a Faixa de Gaza e que é criticado pelos Estados Unidos e pela União Europeia por sua recusa em reconhecer o direito de Israel de existir, de renunciar à violência e aceitar os acordos de paz existentes.

Mas uma escalada da violência tem ameaçado as declarações separadas de cessar-fogo feitas por Israel e pelo Hamas em 18 de janeiro, após uma ofensiva israelense de 22 dias com o objetivo de pôr fim ao lançamento de mísseis contra o território do país.

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