O jornalista iraquiano Muntazer Al Zaidi admitiu nesta terça-feira (16) perante um tribunal que atirou seus sapatos contra o presidente dos EUA, George W. Bush, em uma entrevista coletiva, segundo um porta-voz judicial.

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Zaidi, que também chamou Bush de "cachorro", durante uma entrevista coletiva no domingo, se tornou uma celebridade instantânea no mundo árabe, onde atirar os sapatos contra alguém é um grave insulto.

O jornalista, que trabalha para um canal de TV sunita, deve ser indiciado "por agressão contra um presidente", segundo Abdul Satar Birqadr, porta-voz do Conselho Judicial Superior do Iraque. A lei (que vale tanto para presidentes locais quanto estrangeiros) acarreta pena de 7 a 15 anos de prisão.

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"Al Zaidi foi trazido hoje perante o juiz investigador, na presença do advogado de defesa e de um promotor. Ele admite a ação que realizou", disse Birqadr. O tribunal decidiu mantê-lo preso.

Um irmão do acusado disse nesta terça-feira que ele foi agredido com coronhadas e teve o braço quebrado na confusão que se seguiu ao incidente, quando foi contido por agentes norte-americanos e iraquianos. Bush não foi atingido pelos sapatos.

Maitham Al Zaidi, irmão do jornalista, disse ter sido informado de que ele está sob custódia num hospital da Zona Verde, bairro fortificado no centro de Bagdá. Maitham não revelou a fonte da informação, a qual foi impossível verificar de forma independente. Birqadr disse que não estava presente à audiência e por isso não sabia dizer que o acusado estava machucado.

O porta-voz disse ainda que Zaidi rejeitou a defesa de um advogado que atuou em prol do ex-ditador Saddam Hussein, condenado à forca em 2006.

Parentes de Zaidi dizem que ele há anos nutre ódio profundo por Bush, a quem culpa pela morte de dezenas de milhares de iraquianos desde o início da guerra, em 2003.

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Já Bush não guardou ressentimentos pelo incidente, segundo sua porta-voz Dana Perino. "O presidente só acha que foi só um sapato, que as pessoas se expressam de muitas formas diferentes."

Sobre a punição a Zaidi, ela afirmou: "O presidente acredita que o Iraque é um país soberano, um país democrático, e eles terão um processo para seguir isso. Mas, como eu disse, o presidente não guarda ressentimentos com o incidente."

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