O Parlamento da Ucrânia aprovou hoje uma resolução que dissolve o Parlamento da Crimeia, a um dia do referendo na península para aprovar sua anexação à Rússia.
A decisão em Kiev é um gesto muito mais político do que prático. Como o Parlamento da Crimeia não reconhece o da Ucrânia, o referendo, considerado ilegal pelo governo ucraniano, está mantido.
Hoje pela manhã, em Simferopol, capital da península, centenas de pessoas já celebravam na Praça Lênin, com faixas e bandeiras pró-Rússia, além de um show num palco, a anexação da região ao território russo. Ao mesmo tempo, soldados se mantinham de prontidão no prédio do Parlamento local, num clima de tranquilidade, sem sinais de algum tipo de tensão.
A decisão de Kiev foi aprovada hoje por 278 deputados e busca dar os primeiros passos oficiais para não reconhecer o resultado da consulta pública de amanhã, cujo resultado deve ser favorável à Rússia. Enquanto a Crimeia se prepara para o referendo de amanhã, cresce a tensão e a violência no leste ucraniano. Duas pessoas morreram ontem em Kharkiv em confrontos entre militantes pró-Ucrânia e pró-Rússia.
Rússia veta resolução ONU sobre a Crimeia
A Rússia vetou hoje uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que declarava inválido o referendo a ser realizado amanhã na Crimeia e exortava a comunidade internacional a não reconhecer o seu resultado.
O texto, de autoria dos Estados Unidos, teve 13 dos 15 votos a favor. A China se absteve. O referendo questionará a população da Crimeia se a península deve se anexar à Rússia ou seguir ligada à Ucrânia.
"A Rússia usou o seu veto como cúmplice de uma incursão militar ilegal", disse a embaixadora dos EUA na ONU, Samantha Power. Segundo a representante americana, a Rússia "não pode mudar o status da Crimeia" e nem o fato de que, qualquer avanço de Moscou neste sentido terá "consequências".
"A Crimeia é parte da Ucrânia hoje, vai ser amanhã, na próxima semana e até que seu status seja mudado de acordo com as leis ucraniana e internacionais."
Segundo o texto vetado, o referendo de amanhã "não pode ter validade, e não pode servir como base para qualquer alteração no status da Crimeia".
Em seu voto, o embaixador russo na ONU, Vitaly Churkin, defendeu, mais uma vez, o direito do povo da Crimeia à "autodeterminação".
"Com a queda da União Soviética, a Crimeia se tornou automaticamente parte da Ucrânia. A vontade do povo da Crimeia foi ignorado", disse Churkin. "Vamos respeitar a vontade da população da Crimeia expresso no referendo de 16 de março."
Para Power, o isolamento de Moscou no voto é uma demonstração de que o mundo acredita que as "fronteiras internacionais são mais do que mera sugestão."
O embaixador chinês na ONU, Liu Jieyi, justificou a abstenção dizendo que a aprovação do texto só traria "confronto e complicaria ainda mais a situação".
Para o embaixador da França na ONU, Gérard Araud, ao vetar o texto, a Rússia "vetou a Carta da ONU".
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