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Caracas - As duas leis aprovadas nesta se­­mana pela Assembleia Nacio­­nal ve­­nezuelana para regular o conteúdo da internet e dar mais controle ao Estado sobre as telecomunicações colocam em perigo a liberdade de expressão, obrigando os meios de comunicação a realizar a autocensura, apontam analistas.

A duas semanas do início de um novo período legislativo, on­­de o governismo já não terá uma maioria esmagadora, o Parla­­men­­to aprovou alterações na Lei de Responsabilidade Social no Rádio, Televisão e Mídias Ele­­trô­­nicas e na Lei de Telecomuni­­ca­­ções, incluindo limitações à internet e endurecendo as restrições às rádios e televisões.

A nova lei estabelece sanções por divulgar mensagens que possam fazer apologia ao crime, cons­­tituam manipulações midiáticas dirigidas a fomentar a in­­quie­­tação na população ou desconhecer as autoridades legitimamente constituídas.

"O governo pretende passar uma grande cortina que incentive os meios de comunicação independentes à autocensura por me­­do, e coloca em perigo o direito dos usuários de usar livremente a internet", diz a especialista em comunicação Gloria Cuenca.

"Sobretudo no que se refere à internet, o que mais nos angustia é o medo de que passemos para uma situação de bloqueios de conteúdos como na China ou em Cuba", continuou.

A lei também aumenta as mul­­­­tas aos meios radiofônicos, que chegarão a 10% da renda bruta do ano anterior, além da suspensão do serviço por 72 horas seguidas; além da revogação definitiva do si­­nal se reincindir em alguma falta.

Limites

A ONG Espaço Público, dedicada à defesa da liberdade de expressão e informação, afirmou que a lei "limita seriamente a divulgação de ideias, o debate e o pluralismo, tão necessários em uma sociedade democrática".

São estabelecidas "sanções agra­­vadas que alimentam a inibição e a autocensura", advertiu a ONG.

Mas o presidente Hugo Chá­­vez, cujo governo controla pelo menos quatro redes de televisão, cinco rádios e um jornal de alcance nacional, e conta com um jornal e uma extensa rede de meios de comunicação comunitários, garantiu que não busca "limitar" a internet, mas "regulá-la".

"É preciso proteger o povo da violência, da pornografia e do anonimato", explicou Chávez, que mantém uma relação tensa com os meios de comunicação privados.

O deputado governista Ma­­nuel Villalba, da comissão de meios de comunicação do Parlamento, garantiu que não será imposta a censura e que o acesso à internet não será restrito. "Aqui, o que se busca é que cada um seja responsável pelas opiniões que possa emitir em um programa de rádio ou de televisão".

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