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O líder spiritual do Hamas no exílio, Khaled Meshaal, disse nesta sexta-feira (2) que o grupo está pronto para resistir a qualquer tentativa israelense de invasão por terra à Faixa de Gaza. Meshaal falou em uma transmissão televisiva, direto de Damasco, no Líbano, e ameaçou sequestrar mais soldados de Israel.
"Se você cometer a tolice de invadir Gaza, quem sabe, podemos ter um segundo ou terceiro Shalit", disse, se referindo ao soldado israelense Gilad Shalit, seqüestrado há mais de dois anos.
"Se você cometer a tolice de invadir Gaza, quem sabe, podemos ter um segundo ou terceiro Shalit", disse, se referindo ao soldado israelense Gilad Shalit, seqüestrado há mais de dois anos.
"Estamos prontos para o desafio, esta batalha nos foi imposta, e estamos confiantes que vamos alcançar a vitória porque estamos preparados", disse. Segundo ele, o Hamas não vai se submeter às exigências de Israel para que seja decretado um cessar-fogo, e o Estado judeu é que tem que interromper seus ataques.
Decisão de Israel
O governo norte-americano disse nesta sexta que cabe a Israel decidir se vai mandar suas tropas adentrarem a Faixa de Gaza. A Casa Branca, contudo, alertou que qualquer ação deve evitar vítimas civis e garantir o fluxo de ajuda humanitária.
Em encontro com jornalistas, Gordon Johndroe, porta-voz da Casa Branca, não respondeu diretamente a perguntas sobre o que os Estados Unidos pensavam de uma operação terrestre, se achavam justificável ou se tentavam impedir esse tipo de ataque.
"Não quero falar sobre uma operação que não ocorreu. Essas decisões serão tomadas pelos israelenses", afirmou o porta-voz. "Qualquer medida que eles tomarem na operação como um todo precisa evitar vítimas civis, e também é necessário que a ajuda humanitária continue a chegar a Gaza."
O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e a secretária de Estado, Condoleezza Rice, mantêm contatos regulares com o premiê israelense, Ehud Olmert, e têm lembrado os israelenses dessas necessidades, segundo Johndroe. "Acho que qualquer passo que eles tomem, se do ar ou na terra, são parte de uma mesma operação", disse ele.
Cessar-fogo
Rice disse a jornalistas depois de encontrar Bush que os Estados Unidos trabalham para conseguir um cessar-fogo "durável e sustentável" em Gaza, mas que ela não planeja viajar agora ao Oriente Médio para liderar negociações para uma trégua.
"Trabalhamos por um cessar-fogo que não permita a volta de uma situação em que o Hamas possa lançar foguetes de Gaza", afirmou Rice.
Não há sinais de um possível cessar-fogo neste sétimo dia de conflito. Até agora, os ataques aéreos de Israel já mataram pelo menos 424 palestinos e feriram 2.000. Quatro israelenses morreram, vítimas de foguetes palestinos.
"É claro que o cessar-fogo deve ocorrer o quanto antes, mas precisamos de uma trégua durável e sustentável", declarou Rice.
Parcialidade
A Anistia Internacional denunciou a posição "parcial" dos Estados Unidos em relação à resposta "desproporcional" de Israel na Faixa de Gaza, e pediu que o país pare de fornecer armas aos israelenses.
Em uma carta dirigida à secretária de Estado Condoleezza Rice, a organização de defesa dos direitos humanos diz estar "particularmente consternada diante da parcialidade da reação do governo dos Estados Unidos e sua falta de esforços para ajudar na crise humanitária em Gaza".
"Sem minimizar a responsabilidade do Hamas e de outros grupos armados palestinos nos ataques indiscriminados e deliberados contra civis israelenses, o governo dos Estados Unidos não deve ignorar a resposta desproporcional e as políticas de longo prazo que deixaram Gaza à beira do desastre humanitário", afirma o texto.
A Anistia se declara ainda "muito preocupada, porque os armamentos e equipamentos militares fornecidos pelos Estados Unidos a Israel também foram utilizados nos recentes ataques israelenses contra áreas residenciais de Gaza altamente povoadas por civis".
"Os Estados Unidos", acrescenta, "devem suspender a transferência de armas a Israel e investigar imediatamente se as mesmas são utilizadas para cometer abusos contra os direitos humanos".
Por último, a organização faz um apelo aos Estados Unidos para "ir além da retórica e exercer uma pressão real sobre as duas partes para que os ataques ilegais parem imediatamente".
Protestos
Milhares de muçulmanos se manifestaram em todo o mundo após a oração desta sexta-feira contra os ataques aéreos israelenses na Faixa de Gaza. Grandes protestos foram registrados em Jacarta (Indonésia), em Cabul (Afeganistão), em Teerã (Irã), no centro histórico de Istambul (Turquia), em Beirute (Líbano), em Amã (Jordânia), em Nairóbi (Quênia), e até no Brasil.
Árabes, descendentes de povos árabes, líderes religiosos e simpatizantes com a causa palestina se reuniram na tarde desta sexta-feira no vão livre do Masp, na Avenida Paulista, para protestar contra a violência na Faixa de Gaza e contra o que consideram omissão do Tribunal Internacional da ONU diante do conflito e das centenas de mortes na região desde o final de dezembro do ano passado.