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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira (1º) em encontro com a presidente do Chile, Michelle Bachelet, que o Brasil irá resgatar os brasileiros que se encontram no país atingido no sábado (27) por um terremoto de magnitude 8,8. Lula disse que o País está enviando quatro unidades de busca e resgate e equipamentos médicos - inclusive máquinas de diálise - para ajudar o Chile a fazer frente aos efeitos devastadores do terremoto de sábado - um dos piores na história do país sul-americano.
"Quero dizer que brasileiros fiquem tranquilos. Nossa embaixada está atenta. Se nós recebermos informações de que aeroporto não vai funcionar vamos dar um jeito de trazer os brasileiros de volta", disse o presidente. Segundo o presidente, o aeroporto de Santiago está com sua estrutura danificada, mas a pista está em condições de receber aviões. "A pista está ótima. O problema é a estrutura", declarou.
Lula disse ainda que Bachelet pode entrar em contato com ele a qualquer momento para tratar da ajuda ao país. "Não tem hora para me chamar no telefone. Pode me chamar na hora que entender", disse Lula ao lado da presidente chilena.
Bachelet agradeceu a solidariedade do colega brasileiro. "Ele estava no Uruguai para a posse de José Pepe Mujica [novo presidente do Urugai], e preferiu vir aqui para conversar comigo, trazendo seu afeto e sua solidariedade", disse Bachelet.
Lula afirmou que o Brasil vai ajudar na reconstrução do Chile. "De nossa parte, vamos trabalhar e ajudar naquilo que for possível para que o Chile possa ser reconstruído e voltar a ser o país extraordinário que sempre foi", afirmou. O Brasil já anunciou o envio de um hospital de campanha ao país vizinho, para ajudar no atendimento aos feridos.
Brasileiros no Chile
Um grupo de 30 brasileiros que estava no Chile durante o terremoto que atingiu o país embarcou na noite desta segunda-feira (1º) no avião reserva da Presidência da República de volta para o Brasil. Segundo o Itamaraty, o grupo é composto por escritores brasileiros que participavam de um congresso de literatura no país, idosos, gestantes e crianças.
Segundo informações do Palácio do Planalto, o avião vai pousar no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. A assessoria não soube informar a previsão de chegada do voo.
O Ministério das Relações Exteriores informou que já recebeu mais de mil pedidos de familiares para auxiliar no contato com brasileiros que estavam no Chile no momento do terremoto.
A assessoria do ministério disse que não sabe informar, porém, quantos desses familiares já conseguiram contato com seus parentes após o contato com o governo federal. Os assessores informaram que o governo está fazendo um levantamento para saber quais brasileiros ainda não falaram com a família no Brasil.
Segundo o Itamaraty, até o final dessa segunda-feira não havia registro de brasileiros mortos ou feridos por conta do tremor.
Saques e confrontos após terremoto
A cidade chilena de Concepción ficou fora de controle na segunda-feira, sufocada por saques, roubos e confrontos, o que obrigou o governo a reforçar a presença militar.
Concepción, 500 quilômetros ao sul de Santiago, é a segunda maior cidade do Chile, com 670 mil habitantes. Ali, milhares de pessoas sem luz, água ou comida saquearam lojas, e alguns aproveitaram para levar também televisores e lavadoras.
"Não é aceitável o saque e a delinquência", disse a presidente Michelle Bachelet.
O governo impôs no domingo um toque de recolher em Concepción, o que não ocorria desde a ditadura de Augusto Pinochet (1973-90). Apesar disso, um supermercado foi incendiado na segunda-feira, e um grupo invadiu um quartel dos bombeiros em busca de gasolina e água, agredindo soldados e danificando instalações e veículos.
A prefeita Jacqueline van Rysselberghe disse que "os saqueadores estão mais organizados" e "ameaçam a cidade". Ela pediu ao governo o envio de mais soldados para tentar restaurar a ordem. A polícia lançou gás lacrimogêneo contra os saqueadores.
Desde a noite de domingo, os saques ocorrem também em residências, onde os moradores tentam se organizar para se defender. Num ambiente de guerra, duplas de militares se postam em cada esquina do centro da cidade.
Os policiais trocaram o uniforme tradicional por capacetes e coletes à prova de balas. Helicópteros sobrevoam a cidade, e dezenas de blindados começaram a desfilar pelas ruas.
As poucas pessoas com acesso à distribuição oficial de alimentos estavam sob escola policial para evitar roubos e agressões.
"A ajuda do governo tem sido lentíssima, muito lenta. Os militares só chegaram ontem, e isso não basta para controlar a situação. Os moradores de onde eu moro se organizaram para nos defender, porque estão saqueando casas", disse a professora Carolina Contreras, 36 anos.
A Marinha disse que 300 soldados começaram a chegar na segunda-feira para ajudar nas tarefas de segurança na cidade e no vizinho porto de Talcahuano.
Turistas chilenos "presos" em Foz
Um grupo de 126 turistas chilenos estão em Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná, e não sabem quando poderão retornar ao país. Os turistas chegaram ao Paraná no dia 21 de fevereiro e deveriam ter retornado para o Chile no domingo (28). Mas, isso não foi possível porque o aeroporto de Santiago, capital do país, não estava operando e a aeronave que deveria buscá-los não conseguiu sair do Chile.
No Brasil são dois mil turistas chilenos sem condições de retornar.
Chilenos em Santa Catarina
Um casal que veio de férias para Balneário Camboriú (SC) mora em Concepción, a cidade mais atingida pelo terremoto. "A nossa casa foi afetada. Parte dela caiu, mas nossos filhos estão bem", diz Ester Suazo, funcionária pública.
São 1,7 mil turistas que passavam férias na cidade catarinense hospedados em 15 hotéis. Eles deveriam ter voltado para casa no último fim de semana, mas não conseguem sair da cidade. Os voos para o Chile foram cancelados.
A Prefeitura de Balneário Camboriú decretou, nesta segunda-feira (1º), estado de vulnerabilidade temporária. Isso significa que a cidade vai liberar recursos para atender os chilenos.
"Nós vamos tratar o turista chileno como se ele fosse um cidadão de Balneário Camboriú. Vamos oferecer a hospedagem e a alimentação enquanto perdurar esta situação", diz o prefeito Edson Renato Dias.