A maioria das vítimas do massacre de Houla, no centro da Síria, foi executada, segundo as primeiras conclusões de uma investigação da ONU, anunciou Rupert Colville, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

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"Há indicações de que famílias inteiras receberam disparos dentro de suas casas", disse o porta-voz do ACNUDH, Rupert Colville.

Colville sustentou que as informações recolhidas até agora assinalam que, de um total de 108 mortos - dos quais 49 eram crianças -, "menos de 20" morreram como consequência do fogo de artilharia e tanques.

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Os demais foram vítimas de execuções sumárias, "incluindo a maioria das crianças assassinadas" em duas ações ocorridas em distintas partes do distrito de Al Houla, comentou Colville à Agência Efe.

O porta-voz explicou à imprensa que, embora "ainda estejamos na etapa preliminar de estabelecer exatamente o ocorrido, testemunhas locais e sobreviventes afirmam que a maioria das vítimas foi executada por pessoas que descrevem como pertencentes à milícia pró-governo Shabiha".

Também insistiu que o número total de vítimas é "temporário" e que há estimativas, não confirmadas, que apontam para além dos 108 mortos verificados até agora, alguns dos quais poderiam permanecer enterrados sob os escombros causados pelo fogo aberto com armamento pesado.

As forças de segurança iniciaram um ataque contra uma zona residencial de Al Houla no começo da tarde de sexta-feira, em uma ofensiva que continuou até o início da manhã do sábado.

Posteriormente, membros da milícia Shabiha entraram em dois momentos em casas de distintas áreas desse distrito para executar seus ocupantes, segundo as denúncias e testemunhos recolhidos.

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"Levará tempo saber quanta gente morreu exatamente, mas o número é até certo ponto irrelevante. Trata-se de um crime atroz, sendo que quase a metade (das vítimas) eram crianças", enfatizou Colville.

Perguntado sobre as fontes das denúncias recolhidas pelo Alto Comissariado para os Direitos Humanos, o porta-voz disse que por "óbvias" razões de segurança não podia oferecer sua identidade, mas garantiu que são confiáveis e diversas.

Nestas circunstâncias, Colville disse que seu organismo reitera o pedido ao governo sírio para que autorize a entrada dos membros da Comissão Investigadora da ONU para a Síria, cujo mandato é indagar sobre as violações aos direitos humanos no contexto do conflito interno.

O regime sírio nega há meses a permissão para que seus integrantes entrem no país e possam cumprir a missão que a comunidade internacional lhes encomendou, por isso que até agora elaboraram seus relatórios com base em fontes indiretas e entrevistando vítimas de abusos, refugiados e desertores que conseguiram chegar aos países vizinhos.

A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, propôs que o caso da Síria seja levado ao Tribunal Penal Internacional pelas evidências que existem ali crimes contra a humanidade

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