Milhares de manifestantes contrários aos islâmicos tomaram a principal avenida de Túnis neste sábado (19). O protesto encerra semanas de calma na capital do país do norte da África e levou as autoridades a ameaçar com uma reação forte.
Um levante popular na Tunísia em janeiro derrubou o presidente Zine al-Abidine Ben Ali, que deixou o país, e resultou numa onda de protestos pelo mundo árabe. A queda do presidente abriu caminho para a influência islâmica, reprimida sob o antigo governo no país.
Ao menos 15.000 pessoas participaram da manifestação contra o movimento islâmico da Tunísia, pedindo tolerância política, um dia depois de o governo ter dito que um padre teve a garganta cortada por um grupo que classificou de "terrorista".
"Nós precisamos viver juntos e ser tolerantes com a visão dos outros", disse Ridha Ghozzi, de 34 anos, que participava da manifestação na qual podiam ser vistos cartazes dizendo "o terrorismo não é tunisiano" e "a religião é pessoal".
As manifestações deste sábado, registradas em outras partes da capital, mostram a desconfiança com relação ao partido Islamist Ennahda, proibido durante duas décadas no governo de Ben Ali, mas que se reorganizou.
Ennahda divulgou um comunicado, no sábado, condenando o assassinato do padre polonês e a violência usada em protestos islâmicos contra bordéis tunisianos nas últimas semanas.
O Ministério do Interior afirmou, em nota, que as manifestações permanecem proibidas sob o estado de emergência imposto desde a revolução e que os que delas participarem poderão ser processados.
Por mais de duas semanas, a capital da Tunísia não havia registrado nenhum outro protesto e mantinha-se em relativa calma.
Ben Ali, que assumiu o poder em 1987, era visto por muitos como um político opressor que se apropriou de dinheiro público. As eleições para substituí-lo devem ocorrer em julho ou agosto.
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