O governo interino de Honduras, liderado por Roberto Micheletti, deu na noite deste sábado (26) prazo de 10 dias para o Brasil definir o status e a situação do presidente hondurenho deposto, Manuel Zelaya, que desde segunda-feira (21) voltou secretamente ao país e está refugiado na Embaixada brasileira em Tegucigalpa. O prédio diplomático permanece sitiado.
Michelleti anunciou também que não receberá os embaixadores da Espanha, Argentina, México e Venezuela.
"Novamente solicitamos ao governo do Brasil que defina o status do senhor Zelaya, dentro de um prazo não maior de dez dias. Se não for assim nos veremos obrigados a tomar medidas adicionais, conforme o direito internacional", anunciou o Ministério de Exteriores do governo de fato em comunicado lido por rádio e televisão para todo o país.
Micheletti mantém o discurso de que irá respeitar a integridade da Embaixada brasileira, como indica a lei internacional.
Até agora, o governo brasileiro, que não reconhece o governo de Micheletti, não deu sinais de que pretende dar asilo político a Zelaya, deposto e exilado pelos militares após um golpe, em junho.
A crise em Honduras se arrasta e continua sem solução, pois Micheletti e Zelaya estão irredutíveis em suas posições e se negam a negociar.
Por meio do comunicado, Micheletti exigiu que o governo brasileiro se assegure de que a Embaixada brasileira não será usada por Zelaya "para gerar violência e quebrar a paz".
"Solicitamos ao governo do Brasil que imediatamente tome medidas para assegurar-se que o senhor Zelaya não deixe de utilizar a proteção que oferece a missão diplomática para instigar a violência em Honduras", afirma um comunicado da chancelaria do governo golpista.
O governo interino anunciou ainda que não receberá os embaixadores de Espanha, Argentina, México e Venezuela, que retiraram seus representantes de Tegucigalpa após a queda de Zelaya, em 28 de junho.
Embaixada sitiada
O encarregado de negócios da Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, Francisco Catunda, afirmou que a sede diplomática está sitiada, e negou que a situação esteja normal, como disseram as autoridades hondurenhas. Catunda confirmou que um funcionário da embaixada sentiu os efeitos do gás, conforme denúncia feita por Zelaya.
"Está tudo sitiado. Não temos telefone, estamos totalmente cercados, isolados", disse Catunda ao sair da embaixada. Ele foi substituído pelo ministro conselheiro do Brasil na Organização dos Estados Americanos (OEA), Lineu Pupo de Paula.
Catunda contou que ficou "cinco dias preso", e que teve que fazer "todo um ritual" para sair da embaixada. "Nada está normal", respondeu ao ser questionado sobre declarações dadas sexta-feira (25) por Roberto Micheletti, sobre a situação na sede diplomática nas quais assegurou que tudo corria com normalidade no local.
Toque de recolher
O governo golpista de Honduras ampliou neste sábado o toque de recolher para 12 horas em todo o país, exceto suas ilhas.
Segundo um comunicado da Presidência divulgado em rede nacional de rádio e televisão, o toque de recolher valerá para todos os departamentos (estados) hondurenhos, menos no de Islas de la Bahía, das 18h até as 6h deste domingo (27) pelo horário local (entre 21h e 9h de amanhã em Brasília).
Também estará isenta a cidade de Puerto Cortés, no Caribe hondurenho, o principal ponto de exportação e importação do país.O governo de fato de Honduras, liderado por Roberto Micheletti, deu neste sábado (26) prazo de 10 dias ao Brasil para definir o status do presidente hondurenho deposto, Manuel Zelaya, que desde segunda-feira (21) está refugiado na Embaixada brasileira em Tegucigalpa.
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