A ex-primeira-ministra do Reino Unido, Margaret Thatcher, morreu ontem de um derrame cerebral, aos 87 anos. Conhecida como a "Dama de Ferro" por seu estilo autoritário, Thatcher foi a primeira mulher a se tornar primeira-ministra britânica, cargo no qual ficou por três mandatos consecutivos, entre 1979 e 1990.
Foram os russos que apelidaram Thatcher de "Dama de Ferro", ainda na década de 70. Um apelido profético. Nos 11 anos em que foi primeira-ministra, a polêmica Thatcher enfrentou os sindicatos do país, promoveu uma onda de privatizações de empresas e levou o Reino Unido à vitória na Guerra das Malvinas. Mas, nos últimos anos, vítima de uma série de derrames, ela se afastou das aparições públicas.
Uma mulher determinada a frear o rumo socializante traçado por cinco anos de governo trabalhista. Assim foi descrita Thatcher em 3 de maio de 1979, quando se tornou a primeira mulher na Europa a assumir o cargo de primeiro-ministro, após uma vitória retumbante do Partido Conservador. Aos 53 anos, ela dava início à "era Thatcher", que durou mais de uma década.
Nascida em 1925, Margaret Hilda Roberts era filha de um comerciante de Grantham, um pregador leigo que a educou de acordo com rígidos princípios metodistas. Ela acabou adquirindo o sotaque aristocrático em Oxford, onde se formou em Química e Direito. Mas o fascínio pela política foi mais forte e aos 34 anos já estava no Parlamento. Conhecida pelo pensamento rápido, e uma língua mais rápida ainda, logo subiu nas fileiras conservadoras e aos 44 anos foi ministra da Educação.
Em 1975, ela desafiou Edward Heath pela liderança dos conservadores. Contam que, quando entrou no escritório de Heath para comunicar sua decisão, ele respondeu sem tirar os olhos do que estava fazendo: "Você vai perder. Tenha um bom dia".
No final dos anos 70, ela chegaria ao cargo de primeira-ministra, num momento em que o continente europeu vivia uma fase de desilusão econômica. Aos poucos, foi se desfazendo da herança que os trabalhistas haviam deixado: afastou o Estado da economia, privatizou centenas de empresas, reduziu o poder dos sindicatos e diminuiu o alcance dos programas sociais.
A firmeza com que conduziu o país na Guerra das Malvinas, contra a Argentina, garantiu-lhe mais dois mandatos, em 1983 e 1987. Essa determinação foi demonstrada em outros campos de batalha, como ao lidar com grevistas ou com militantes do Exército Republicano Irlandês.
Ela renunciou em 1990, pressionada pelo descontentamento com sua política fiscal. Em 2003, perdeu o marido, Dennis Thatcher, com quem se casara em 1951. Em junho de 2004, apareceu frágil no enterro do amigo e antigo aliado Ronald Reagan, ex-presidente dos EUA. Antes de morrer, Thatcher sofreu por anos do mal de Alzheimer.