Pirâmides fechadas
As forças militares do Egito fecharam o acesso para os turistas às pirâmides nas cercanias do Cairo, em meio à onda de protestos no país.
Um importante arqueólogo egípcio, Zahi Hawass, disse à rede de televisão estatal neste sábado que estava "seriamente preocupado" com a segurança do Museu Egípcio.
Bloqueio à internet no Egito é o pior da história
A escala do bloqueio à internet e à telefonia celular em curso no Egito não tem precedentes na história de ambas as tecnologias disseram especialistas. Do presidente norte-americano, Barack Obama, aos milhões de integrantes das redes sociais e grupos de defesa dos direitos humanos, quase todos condenaram a decisão das autoridades egípcias.
O presidente do Egito, Hosni Mubarak, se encontrou neste domingo (30) com militares de alto escalão em uma tentativa de se manter no poder diante de protestos sem precedentes por sua saída.
Mubarak se encontrou com o vice-presidente, Omar Suleiman, cuja nomeação no sábado pode ter aberto caminho para uma sucessão. Ele também se reuniu com o ministro da Defesa, Mohamed Hussein Tantawi, com o chefe de gabinete Sami al-Anan, e com outros altos comandantes.
Enquanto isso, os egípcios convivem com uma situação de ausência quase total de leis nas ruas, com forças de segurança e pessoas comuns tentando coibir saques após dias de protestos populares pelo fim do governo autoritário de Mubarak, que já dura 30 anos.
Durante a madrugada, moradores do Cairo, armados com porretes, correntes e facas fizeram grupos de vigília para proteger os bairros de saqueadores, depois que a impopular polícia deixou as ruas após confrontos com manifestantes e que deixaram mais de cem mortos.
Pela manhã, as ruas da capital estavam quase desertas, com o Exército guardando o Ministério do Interior. Os cidadãos estão colocando sua confiança nos militares, na esperança de que eles possam restaurar a ordem, mas sem usar seu poder de fogo para manter Mubarak, que tem 82 anos e é aliado dos Estados Unidos, como presidente.
Cerca de 4 mil pessoas se juntaram neste domingo na Praça Tahrir, que se tornou um ponto de protesto para o povo expressar sua revolta com a pobreza, a repressão e a corrupção na nação mais populosa do mundo árabe. "As pessoas querem a queda de Mubarak," gritavam os manifestantes.
"Hosni Mubarak, Omar Suleiman, vocês dois são agentes dos americanos," gritavam os manifestantes, referindo-se à nomeação do chefe da inteligência, Suleiman, como vice-presidente. Foi a primeira vez que Mubarak escolheu um vice em 30 anos no cargo.
Esse foi o cargo que Mubarak ocupou antes de se tornar presidente e tal escolha pode ser a indicação de uma transição no poder. Muitos viram a nomeação como o fim das pretensões do filho do presidente, Gamal, de assumir a Presidência.
"Mubarak, Mubarak, o avião te espera," gritavam os manifestantes.
Domingo normalmente é um dia de trabalho no Egito, mas bancos e mercados financeiros foram obrigados pelo banco central a permanecer fechados. A Bolsa de Valores afirmou que não funcionará também nesta segunda-feira.
A revolta sem precedentes causou grande repercussão no Oriente Médio, onde outros líderes autocráticos podem enfrentar problemas do mesmo tipo, e agitou os mercados financeiros de todo o mundo.
Exército é fundamental
As manifestações tinham muitas características dos protestos que derrubaram o líder da Tunísia há duas semanas, embora a chegada de tropas para substituir a polícia tenha mostrado que Mubarak ainda tem o apoio militar, a força mais poderosa da nação.
Tanques e veículos do Exército continuaram nas esquinas da capital, guardando bancos e edifícios do governo, além do Ministério do Interior. A segurança do Estado entrou em confronto com manifestantes que tentavam atacar o local na noite do sábado.
A revolta está afetando a indústria do turismo no Egito, e a embaixada norte-americana disse neste domingo que está oferecendo voos para a Europa aos cidadãos do país que estejam desesperados para deixar o solo egípcio.
O primeiro-ministro israelense, Banjamin Netanyahu, disse neste domingo que Israel deve exercer sua responsabilidade e o comedimento em relação aos protestos, e espera que a estabilidade e os laços pacíficos possam ser duradouros com o Egito, a primeira nação árabe a declarar paz com Israel.
O Egito disse que paralisou as operações da emissora de televisão por satélite Al Jazeera, que mostrou ao resto do mundo árabe imagens de manifestações ocorrendo no Cairo, em Suez e em Alexandria, além de ações rígidas da polícia contra a população.
O governo interrompeu o acesso à Internet e o sinal de telefones celulares para tentar atrapalhar os planos dos manifestantes. Mas mensagens no Twitter neste domingo exortavam que os egípcios fossem à Praça Tahrir para continuar os protestos contra Mubarak.
Os EUA e as potências europeias estão empenhadas em refazer suas políticas para o Oriente Médio, que apoiavam Mubarak e faziam vistas grossas à brutalidade da polícia e à corrupção em troca de defesa contra, primeiramente o comunismo e, agora, os militantes islâmicos.
No Cairo, o temor mais imediato é de saques, depois que a ordem pública entrou em colapso. Saqueadores atacaram bancos, mercados, joalherias e edifícios governamentais. Algumas pessoas temem que o caos possa causar uma ação severa das forças de segurança.
"Este é o momento de Berlim do mundo árabe," afirmou Fawaz Gerges, da London School of Economics, comparando os eventos à queda do Muro de Berlim, em 1989. "O muro autoritário caiu, independente de Mubarak sobreviver ou não."
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