Em 2001, freixos começaram a morrer em Detroit. Então reluzentes besouros de cor verde foram descobertos rastejando para fora de um tronco da árvore. Os cientistas americanos, que nunca tinham visto esses besouros, pediram ajuda a colegas de todo o mundo. Um entomologista eslovaco chamado Eduard Jendek resolveu o mistério: os freixos de Detroit estavam sendo mortos pelo besouro-verde Agrilus planipennis, nativo do Leste da Ásia.
Em suas florestas nativas, o besouro-verde causa poucos problemas. Mas não é o caso na América do Norte, onde ele se espalhou do Canadá ao golfo do México e do Atlântico ao Colorado. Em um comentário publicado no ano passado, os cientistas o descreveram como “o inseto florestal mais destrutivo e economicamente oneroso que já invadiu a América do Norte”.
Alguns cientistas estão testando inseticidas que controlem os besouros. Outros tentam colocar florestas inteiras de quarentena. Mas as pesquisas sugerem que a chave pode estar nas substâncias químicas que as árvores usam para combater insetos.
Os insetos podem arrancar as folhas, privando a árvore de aproveitar a luz do sol. Eles destroem o tronco ou lançam dejetos nas suas raízes, o que impede a planta de sugar água. Para se defender, as árvores dependem principalmente de compostos que tornam seus tecidos venenosos ou difíceis de digerir. As árvores produzem o tempo todo algumas defesas químicas chamadas compostos constitutivos. Mas elas também criam outras armas, chamadas compostos induzíveis, quando sentem um ataque.
No Leste da Ásia, freixos desenvolveram defesas contra insetos locais. Para estudar esses insetos, os cientistas cultivaram freixos da Manchúria e então permitiram que os besouros-verdes atacassem essas árvores, para observar a reação. Em agosto, na revista “New Phytologist”, pesquisadores da Universidade Estadual de Ohio resumiram seu aprendizado.
Quando um besouro-verde busca uma árvore para botar ovos, ele prefere um freixo norte-americano ou um freixo da Manchúria enfraquecido pela seca. Já o freixo da Manchúria saudável é um ambiente hostil para a prole do besouro. Talvez por isso o besouro nunca tenha causado muito alarme: no Leste da Ásia, ele deixava em paz os freixos saudáveis. “Ele mata árvores que já estão morrendo”, disse Caterina Villari, pós-doutoranda na Universidade Estadual de Ohio e coautora do estudo.
Árvores afligidas pela seca parecem produzir compostos constitutivos nas mesmas quantidades que as saudáveis, mas não alguns dos compostos induzíveis. Villari e seus colegas estão comparando as defesas dos freixos da Manchúria com a espécie norte-americana.
Os freixos da América do Norte podem estar morrendo por não produzirem defesas químicas na medida certa —ou talvez não na velocidade suficiente.
Numa experiência, Justin Whitehill, da Universidade da Colúmbia Britânica, e seus colegas pulverizaram nos freixos norte-americanos um hormônio vegetal chamado metil-jasmonato. Ele é liberado por células vegetais danificadas por insetos mastigadores, o que induz a planta a produzir compostos induzíveis.
Whitehill relatou que, ao aplicar o hormônio em freixos norte-americanos, as plantas matavam os besouros-verdes. O efeito era tão forte quanto o de uma dose letal de inseticida.
Os pesquisadores esperam conseguir identificar futuramente freixos que produzem níveis elevados de substâncias químicas cruciais, desenvolvendo assim variáveis resistentes. Os cientistas poderiam ser capazes de selecionar árvores que reagem com rapidez excepcional a um ataque dos besouros-verdes.
A ciência avança devagar e sempre, mas o besouro-verde está correndo atrás de novas florestas.
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