Mulheres já foram eleitas para governar países tão díspares quanto Alemanha e Coreia do Sul. O Fundo Monetário Internacional é comandado por uma mulher.

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As Nações Unidas, porém, são uma espécie de trincheira masculina. Desde a sua criação, em 1945, a instituição sempre foi chefiada por um homem.

Agora, quase 40 nações, sob a liderança da Colômbia, estão promovendo a ideia de que chegou a vez de uma mulher assumir o cargo de secretária-geral da ONU.Influentes líderes mundiais —inclusive o The Elders [os anciões], composto por ex-chefes de Estado e outras personalidades — já pediram aos países que indiquem mulheres para o cargo.

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“Após oito secretários-gerais consecutivos do sexo masculino, os Elders estão muito simpáticos à ideia de que chegou o momento de uma mulher ser escolhida”, disse Mary Robinson, ex-presidente da Irlanda e integrante do grupo de estadistas veteranos. “No entanto, se ficar claro que o candidato certo é um homem, que seja.”

Essas propostas refletem não só um apelo pela igualdade de gênero, mas também a crescente frustração com a maneira opaca pela qual as potências mundiais —ou seja, os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU: Reino Unido, China, França, Rússia e Estados Unidos — negociam a escolha do funcionário público mais graduado do mundo.

Críticos dizem que, se esse processo não for alterado, ele poderá tornar a ONU irrelevante.

“Qualquer que seja o processo de seleção para o próximo secretário-geral, historicamente não se presta atenção alguma à representação de metade da população do mundo”, disse Louise Arbour, jurista canadense que foi alta comissária da ONU para direitos humanos (2004-2008).

Entre os nomes femininos mencionados, estão a búlgara Irina Bokova, diretora-geral da Unesco; Michelle Bachelet, presidente do Chile; Kristalina Georgieva, também búlgara, vice-presidente da Comissão Europeia; e Helen Clark, ex-primeira-ministra da Nova Zelândia e hoje diretora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

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“Meu ponto de vista é de que as mulheres trazem uma ampla gama de experiências de vida”, disse Clark. “As mulheres deveriam ter condições de competir em pé de igualdade por todos os cargos de alto escalão em nível global.”

O atual secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, é conhecido como um defensor da promoção das mulheres a postos de chefia.

Entre os embaixadores dos membros permanentes do Conselho, apenas o britânico Matthew Rycroft anunciou apoio explícito do seu governo a uma mulher, caso existam candidatos igualmente qualificados de sexos opostos. Já o embaixador russo, Vitaly Churkin, disse que os homens não devem ser discriminados.

As mulheres constituem mais de um quarto dos embaixadores na ONU. Trata-se de uma participação muito maior do que quando Louise Arbour chegou pela primeira vez à sede da organização, 18 anos atrás, e assistiu a um desfile de diplomatas e chefes de Estado entrando nos salões da Assembleia Geral.

“Existe uma entrada separada para as mulheres?”, perguntou ela na época. “Não, querida, é essa mesmo”, lhe responderam.

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