Stefanie Joho, 25, portadora da síndrome de Lynch, elogia efeito de novos medicamentos| Foto: Jessica Kourkounis /The New York Times

Uma nova droga que induz o sistema imunológico a atacar tumores pode prolongar a vida das pessoas que sofrem da forma mais comum de câncer de pulmão, anunciaram médicos em maio. 

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Foi o mais recente exemplo dos significativos resultados que vêm sendo alcançados por essa nova classe de medicamentos.

Em outro estudo, pesquisadores relataram a descoberta de uma “assinatura genética” específica em cada tumor, permitindo antever se o paciente pode ou não se beneficiar de drogas que estimulam o sistema imunológico. Isso pode permitir que, no futuro, os benefícios desses novos medicamentos sejam estendidos a pacientes com câncer colorretal, câncer de próstata e outros tumores que pareciam impermeáveis às novas drogas.

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Até agora, os resultados mais substanciais com o novo medicamento se dão nos casos de melanoma e câncer de pulmão.

“Quem tem a assinatura genética deveria ser tratado com inibidores de pontos de checagem”, disse, referindo-se às novas drogas, Luis A. Diaz Jr., professor-associado de oncologia na Universidade Johns Hopkins, em Maryland, e autor principal do estudo sobre o marcador genético.

Os dois estudos foram publicados em maio no site da “New England Journal of Medicine”.

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Os inibidores liberam freios moleculares, os tais pontos de checagem, responsáveis por impedir o sistema imunológico de atacar tumores.

Os produtos disponíveis no mercado até agora são o Keytruda, fabricado pela Merck, o Opdivo e o Yervoy, ambos da Bristol-Myers Squibb.

Os três foram aprovados nos EUA para o tratamento do melanoma. O Opdivo também foi aprovado em março para tratar os carcinomas de células escamosas, que representam cerca de um quarto de todos os casos de câncer de pulmão.

O novo estudo mostra que o Opdivo também prolonga a sobrevivência de quem sofre de câncer de pulmão de células não escamosas, que representam a maioria dos demais casos.

Os pacientes que receberam Opdivo viveram em média 12,2 meses, em comparação a 9,4 meses daqueles tratados com a droga quimioterápica docetaxel. Além disso, o Opdivo, também conhecido como nivolumab, teve muito menos efeitos colaterais graves.

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Os pacientes cujos tumores produziam uma proteína chamada PD-L1, que também parece estar associada ao sucesso de certos inibidores dos pontos de checagem, apresentaram resultados ainda melhores. Levando-se em conta apenas eles, a sobrevida mediana foi de 17,2 meses no grupo que recebeu Opdivo, e de nove meses para o docetaxel.

O teste clínico, pago pela Bristol-Myers, envolveu 582 pacientes com câncer avançado que já haviam recebido tratamento quimioterápico com compostos de platina, como a carboplatina.

Em breve, a Bristol pretende solicitar a aprovação do Opdivo para o tratamento de câncer pulmonar não escamoso.

Outros estudos descobriram que o Opdivo encolheu significativamente os tumores em 19% dos pacientes com câncer de fígado avançado, enquanto o Keytruda permitiu uma redução em 25% dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço. O custo da administração desses medicamentos é de US$ 150 mil por ano.

Atualmente há apenas um medicamento aprovado para o câncer de fígado, o Nexavar, da Bayer e Amgen.

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Outros estudos demonstraram que os inibidores do ponto de checagem podem ajudar pacientes com cânceres de rim, bexiga, estômago e outros órgãos. Já para os cânceres colorretal, de próstata e pâncreas, a eficiência foi menor.

Por que essas drogas funcionam tão bem para alguns tipos de câncer e quase não funcionam em outros? Uma hipótese é que o câncer de pulmão e o melanoma são geralmente causados por fatores que danificam o DNA —o tabagismo e a radiação ultravioleta. Portanto, eles têm “centenas de mutações por tumor”, segundo Diaz, ou seja, mais do que a maioria dos outros tumores. Isto pode tornar mais fácil para o sistema imunológico reconhecer as células cancerosas como algo a ser destruído.

Alguns tipos de câncer têm ainda mais mutações —aqueles associados a um defeito genético chamado síndrome de deficiência de reparo. Essa síndrome impede a reparação de alterações no DNA que podem surgir quando as células se dividem, permitindo o acúmulo de mutações.

Essa deficiência está presente, por exemplo, na síndrome de Lynch, condição hereditária que deixa as pessoas muito suscetíveis a desenvolverem câncer, particularmente o colorretal. A síndrome de Lynch é responsável por cerca de 5% dos casos de câncer colorretal. A síndrome de deficiência de reparo também é encontrada em cerca de 10% dos cânceres colorretais não hereditários.

Um dos pacientes do estudo, Stefanie Joho, tem a síndrome de Lynch. Sua mãe teve câncer de cólon aos 44 anos e um câncer uterino seis anos depois. Joho teve ainda menos sorte, recebendo um diagnóstico de câncer colorretal logo depois de se formar na Universidade de Nova York.

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Duas cirurgias e dois tipos diferentes de quimioterapia não foram suficientes para conter a doença. Joho contou que, sem opções de tratamento e sofrendo dores terríveis, apesar de consumir doses elevadas de um narcótico, voltou para a casa dos pais, onde passava a maior parte do tempo na cama.

Depois de começar o tratamento com o Keytruda, em agosto, seu tumor começou a encolher. A dor diminuiu tanto que ela jogou os narcóticos fora. “Fazia quatro anos que eu não me sentia tão bem”, disse Joho, 25.