Como muitos que trabalham na Broadway, Peter Wolf, gerente de palco há 25 anos, odeia a Great White Way tomada de turistas e tráfego.
Ele preferia um atalho por uma sucessão de praças públicas e lobbies de hotel que permitem ir da Rua 44 até a 49 sem por os pés nas 7a ou 8a Avenidas: Shubert Alley, o Marriott Marquis, o Hotel Edison, a sede do Morgan Stanley e o hotel Crowne Plaza Times Square Manhattan.
Então, veio o 11 de setembro de 2001. Em questão de dias, uma passagem metálica cruzando o Morgan Stanley, que é um espaço público, foi cercada — como em muitas outras partes da cidade — por pequenos postes de metal. Um portão foi instalado pouco tempo depois, bloqueando todo mundo, menos quem tivesse cartões-chave.
“É uma piada”, escreveu Wolf em um e-mail criticando o fechamento. “Era muito bom para nós que trabalhamos na comunidade de teatro, principalmente porque podíamos evitar a chuva.”
Espaços públicos de propriedade privada, ou POPS na sigla em inglês, são uma característica de imóveis de Nova York que confere aos proprietários um bônus de zoneamento caso abram parte de suas propriedades ao público. Na Trump Tower, em Manhattan, por exemplo, o desenvolvedor pode adicionar cerca de 20 andares extras ao edifício de 66 andares ao incluir um átrio público, adicionando pelo menos US$ 500 milhões ao valor do imóvel hoje.
A Trump Tower instalou um par de quiosques vendendo mercadorias onde havia um banco de praça e uma passagem para o público. Entre os itens à venda hoje estão livros, gravatas, colônias, barras de chocolate e bonés de beisebol de Trump — com a frase “Make America Great Again” — por US$20 dólares.
Mas a Organização Trump não é a única empresa que aparenta ignorar as exigências dos POPS.
O número 40 da Broad Street, um escritório de 25 andares concluído em 1982, já contou com três instalações geométricas de floreiras e bancos. Umas duas décadas depois, os bancos foram removidos para permitir que o prédio fosse convertido em condomínio, pois passava por problemas financeiros. Só restaram os contornos, visíveis no concreto que preenche as lacunas onde as floreiras se encontravam antes.
Não só não havia mais lugar para sentar, mas as pessoas, incluindo gente que trabalha no edifício, começaram a usar a plaza agora estéril como estacionamento.
Às vezes, um espaço público pode se perder dentro da burocracia da cidade.
Um porta-voz do Morgan Stanley disse que fechou seu espaço por motivos de segurança e observou que o fechamento foi aprovado pelo Departamento de Edifícios da cidade. Mas é outra agência, o Departamento de Planejamento Urbano, que regula a propriedade privada de espaços públicos. Esta agência disse desconhecer o fechamento, mas agora investiga o assunto.
“Esperamos que o espaço público seja gerenciado como tal. A cidade processou operadores no passado para obter conformidade, e se necessário, fará isso novamente”, disse Wiley Norvell, porta-voz do prefeito Bill de Blasio, em um e-mail.
Um tipo diferente de privatização do que é público parece estar ocorrendo no interior do hotel Le Parker Meridien.
Nos hotéis, requisitos das POPS são relativamente fáceis de satisfazer, já que seus lobbies normalmente já funcionam como espaços públicos. Mas no Le Parker Meridien, um transeunte poderia facilmente ignorá-lo.
Com exceção de um pequeno sinal ao lado de uma entrada na Rua 56, não há nenhuma indicação de que o lobby seja parte do caminho público que leva à Rua 57. Muito mais óbvios são a recepção, a banca de revistas, os guardas de segurança e alguns bancos de mármore de aparência medieval distribuídos por um átrio espelhado de pé direito duplo.
“É meio que glamouroso demais. Não é nada convidativo; é como se você precisasse provar seu valor”, disse Alison Brown, gerente de programas da Sociedade Municipal de Arte de Nova York, grupo que verifica transgressões às POPS.
Porém, hotéis têm o direito de fazer um piso térreo glamouroso. O hotel é especialmente pouco convidativo quando você está carregando sua própria comida. No café e bar do corredor norte do lobby, os visitantes são forçados a comprar alguma coisa para poderem se sentar, e comida trazida de fora é proibida. A cidade proíbe tal discriminação.
“Isso levanta questões sobre o quanto esses espaços são realmente públicos”, disse Kate Slevin, vice-presidente da Sociedade Municipal de Arte.
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