Uma nova explosão atingiu o complexo nuclear de Fukushima na manhã desta segunda-feira (14) no Japão, (por volta das 23h20 horário de Brasília), gerando uma fumaça cinza pelo ar. Imagens exibidas nesta segunda-feira (14) (horário local Japão, noite de domingo no Brasil) mostram uma fumaça cinza saindo do reator número três na usina nuclear Fukushima.
As últimas notícias relatam que o reator 3 da nuclear central de Daiichi, em Fukushima (nordeste do Japão), resistiu às explosões. A informação foi dada pela empresa operadora da usina, Tokyo Electric Power (Tepco), e confirmada pelo governo japonês. Diante das explosões, a Agência de Segurança Nuclear do Japão havia pedido que a população no entorno da usina permanecesse dentro de casa.
Desde o terremoto de sexta-feira (11), engenheiros japoneses estão trabalhando para evitar um desastre nuclear na usina, que foi gravemente danificada durante o terremoto de sexta-feira.
Na usina, localizada na costa nordeste a 200 quilômetros de Tóquio, técnicos estão injetando água do mar nos reatores nucleares para tentar controlar a temperatura, já que o superaquecimento pode provocar explosões e acidentes.
Cancelado alerta de novo tsunami no Japão
A Agência Meteorológica do Japão cancelou o alerta de tsunami emitido na noite deste domingo (manhã de segunda no Japão), após um terremoto de magnitude 6,2 na escala Richter, registrado a 150 km a nordeste de Tóquio, a 18 quilômetros de profundidade, na província de Ibaraki, e que fez balançar prédios altos na capital japonesa. Este tremor foi o mais recente das 280 réplicas que vem ocorrendo desde sexta-feira, quando o terremoto de magnitude de 8,9 abalou o país.
Logo após o tremor, a agência Kyodo citou uma autoridade dizendo que ondas de até 3 metros poderiam atingir a costa, incluindo a província de Fukushima, o que causou pânico na população. Algum tempo depois, a Agência Meteorológica cancelou o alerta e acalmou a população local. Ainda segundo a agência Kyodo, cerca de 2 mil corpos foram encontrados nesta segunda-feira em duas praias da cidade de Miyagi, no nordeste japonês, resultado do terremoto e tsunami ocorridos na sexta-feira.
Mortos e desaparecidos
A polícia da província de Miyagi afirmou que estima que mais de 10 mil pessoas tenham morrido só lá. A província tem uma população de 2,3 milhões e é uma das três mais afetadas pelo desastre.
O governo mandou 100 mil militares para as zonas afetadas, dobro do número previsto inicialmente, e já começam a chegar ao Japão as primeiras equipes de resgate enviadas por outros países.
Os EUA puseram à disposição das Forças de Autodefesa do Japão seu porta-aviões Ronald Reagan para que seja utilizado como base logística dos helicópteros que voam para as zonas afetadas.
Infraestrutura prejudicada
Milhões de pessoas seguem sem eletricidade e água potável nas zonas afetadas pelo tremor, e o governo alertou para o risco de blecautes se não houver economia de luz.
Segundo a TV NHK, pelo menos 1,4 milhão de famílias estão sem água potável desde sexta, e outras 2,5 milhões de casas estão sem energia elétrica nas províncias de Aomori, Iwate, Miyagi e Fukushima. O combustível nos postos de gasolina das províncias atingidas está sendo racionado.
Os cortes de eletricidade afetaram dezenas de hospitais próximos à cidade de Sendai, capital de Miyagi, e que foi a mais afetada.
O Parlamento do Japão não vai funcionar nesta seguna, nem as fábricas das princiais montadores do país: Honda, Nissan, Mitsubishi, Suzuki e Toyota.
Racionamento
A Tokyo Electric Power Co (TEPCO) anunciou neste domingo que vai iniciar nesta segunda-feira (14) um racionamento de energia elétrica em consequência dos danos causados pelo terremoto de sexta, segundo a agência Kyodo. Os cortes programados devem durar até o fim de abril. O plano foi aprovado pelo premiê Naoto Kan.
As províncias de Tóquio, Chiba, Gunma, Ibaraki, Kanagawa, Tochigi, Saitama, Yamanashi e parte de Shizuoka serão afetadas, segundo a companhia. Mas a região central da cidade de Tóquio, capital do país, deve ser poupada, segundo a empresa.
O ministro da Indústria, Banri Kaieda, disse que as regiões leste e nordeste do país devem se preparar para enfrentar uma situação "anormal" de falta de energia.
Tetsuhiro Hosono, chefe da Agência de Recursos Nacionais e Energia, disse mais cedo que a situação pode durar "muitas semanas". Ele pediu que as grandes empresas economizem energia.
Ele afirmou que o governo e as fornecedoras vão tentar diminuir o impacto do racionamento na vida das pessoas.
Pior crise desde a 2ª Guerra Mundial
O Japão luta para impedir o vazamento de dois reatores nucleares atingidos pelo terremoto. O governo do país descreveu o tremor e o tsunami como a pior crise que a nação já viveu desde a Segunda Guerra Mundial.
"O terremoto, o tsunami e o incidente nuclear têm sido a maior crise que o Japão enfrentou nos 65 anos desde o fim da Segunda Guerra Mundial", disse o primeiro-ministro Naoto Kan em conferência de imprensa.
Enquanto ele falava, autoridades trabalham para impedir o superaquecimento dos reatores danificados, o que pode derreter o contêiner, ou ainda explodir, provocando o vazamento de material radioativo que pode ser espalhado com o vento.
O governo disse que o prédio em que está o segundo reator, que fica no mesmo complexo, corre risco de explodir depois que uma explosão destruiu sua cobertura um dia depois do tremor. O complexo fica a 240 km ao norte de Tóquio.
O reator número 1 tem 40 anos e, originalmente, estava programado para deixar de operar em fevereiro, mas teve sua licença estendida por mais 10 anos.
As autoridades mantêm uma zona de exclusão de 20 km em torno da usina nuclear Fukushima Daiichi e de 10 km em outra planta nuclear próxima da região. Cerca de 140 mil pessoas foram removidas da área, enquanto as autoridades se prepararam para distribuir iodo na tentativa de reduzir a exposição da população local à radiação.
Pior da história do país
O tremor foi o 7º pior já registrado na história do planeta, segundo o Serviço Geológico dos EUA, agência americana que monitora terremotos, e também o pior já registrado no Japão.
Houve um alerta de tsunami para diversos países da costa do Oceano Pacífico na sexta, mas a chegada das ondas a estes locais causou apenas danos menores, e o alerta foi cancelado. Milhares de moradores foram retirados por precaução.
Ele foi seguido de mais de duas centenas de réplicas superiores a 5, várias delas sentidas pela população.
O país segue em alerta de novas réplicas, e pode ter um terremoto de magnitude superior a 7 nos próximos dias.
- Cerca de 400 brasileiros vivem perto das usinas nucleares de Fukushima, diz Itamaraty
- Consulado do Brasil no Japão faz missão em busca de brasileiros
- Mais um reator nuclear japonês tem falha
- Quase 370 mil pessoas estão em abrigos no Japão
- EUA recomendam que viagens ao Japão sejam evitadas
- Japão promete se prevenir contra manipulação no mercado financeiro
- Níveis de radiação no complexo de Fukushima aumentam no Japão
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura