O novo presidente argentino, Mauricio Macri, pediu na segunda-feira (21) a libertação imediata dos presos políticos na Venezuela, uma demanda que a chanceler venezuelana repudiou, considerando-a uma ingerência, durante cúpula do Mercosul em Assunção, com uma agenda comercial dinâmica e espinhosa no campo político.
A 49ª cúpula de líderes do Mercosul terminou na tarde de segunda-feira e esteve marcada pela ausência do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, antagonista ideológico do novo líder argentino.
“Peço expressamente a todos os presidentes a libertação imediata dos presos políticos na Venezuela”, disse o presidente argentino em sua estreia em uma cúpula da União alfandegária.
“Nos Estados que fazem parte do Mercosul não pode haver espaço para perseguições ideológicas”, acrescentou.
Na Venezuela, 75 líderes e estudantes estão presos. O mais conhecido é o líder da ala radical da oposição Leopoldo López, que foi condenado em setembro deste ano a quase 14 anos de prisão após um julgamento questionado por organizações de direitos humanos. Outro opositor, o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, permanece sob prisão domiciliar.
Nas recentes eleições da Venezuela o Parlamento ficou amplamente dominado pela oposição, que prometeu aprovar entre suas primeiras leis uma anistia para estes presos.
Reação
A chanceler venezuelana Delcy Rodríguez ficou irritada com o pronunciamento de Macri e revidou: “Entendo que Macri queira pedir a libertação destes violentos (em referência aos presos políticos), porque uma de suas primeiras medidas de governo foi libertar os responsáveis por torturas e assassinatos da ditadura argentina (1976-1983)”,
Além de Macri, participaram da cúpula os presidentes dos outros países do Mercosul: Dilma Rousseff, o uruguaio Tabaré Vázquez e o anfitrião, Horacio Cartes. Também assistiram, como membros associados, a chilena Michelle Bachelet e o boliviano Evo Morales.
Demora na UE incomoda líderes latinos
Os líderes do Mercosul continuam tratando o acordo bilateral do bloco com a União Europeia como prioridade, mas demonstraram, durante a 49ª cúpula, contrariedade com a demora dos europeus em fechar as negociações.
A presidente Dilma Rousseff afirmou que a decisão “está do outro lado do Atlântico”. “Queremos concluir um acordo ambicioso, abrangente e equilibrado com a União Europeia”, discursou. Ela cumprimentou o empenho do presidente do Paraguai, Horacio Cartes, na concretização do acordo e afirmou que os membros do Mercosul já deixaram claro que estão prontos para fazer ofertas”.
Antes de Dilma, o anfitrião Cartes já tinha dito que o bloco cumpriu seu objetivo de ter uma oferta de bens pronta para o bloco europeu e tem condições de iniciar a troca em 2016. O recém-empossado presidente argentino, Mauricio Macri, também defendeu o acordo como prioridade do bloco.
No entanto, o comunicado final não traz menção às negociações. Segundo o ministro da Indústria do Paraguai, Gustavo Leite, não seria colocando o tema no comunicado mais uma vez que as negociações chegariam à conclusão.